Plataforma garante que concentração à porta do Capitólio "não põe em causa legitimidade do protesto"
Bruno Pereira disse que "os polícias souberam comportar-se com maior elevação e respeito".
O porta-voz da plataforma que junta os sindicatos da PSP e associações do GNR considerou esta terça-feira que a concentração espontânea junto ao Capitólio, em Lisboa, não põe em causa a legitimidade dos protestos e elogiou o comportamento dos polícias.
"Espelha alguma irregularidade do ponto de vista legal. Ainda assim, os polícias souberam comportar-se com maior elevação e respeito, sem ter, em momento algum, coagido e isso merece destacar", disse Bruno Pereira, em declarações à agência Lusa.
Em comunicado, a Plataforma informou que o encontro nacional de polícias marcado para o dia 2 de março vai ser adiado para o pós 10 de março "já num novo quadro político, não deixando obviamente de manter acesa a chama da nossa legítima, justa e incontornável reivindicação. No entanto, a Plataforma manterá a reivindicação do suplemento de missão, através de ações de luta a outros níveis, sendo ela que marcará a diferença no futuro de todos vós e destas seculares instituições".
Na segunda-feira, após uma concentração que juntou na Praça do Comércio, em Lisboa, cerca de 3.000 elementos da PSP e da GNR, muitos seguiram para o cineteatro Capitólio, onde decorreu o debate eleitoral entre os líderes do PS e do PSD, numa marcha espontânea que não foi autorizada.
Rejeitando que os protestos, que se prolongam há várias semanas, estejam a fugir ao controlo da plataforma, o porta-voz reconheceu que "não é propriamente fácil lidar com uma insatisfação tão grande" e que a deslocação ao cineteatro Capitólio foi sinal disso mesmo.
"O que se passou a seguir (à concentração na Praça do Comércio) foi puramente espontâneo e mostra que os policias estão bastante insatisfeitos, intranquilos e quiseram fazer-se ouvir de forma mais audível, simbolicamente, no sitio onde decorreu o debate entre os líderes do PS e do PSD", sublinhou.
Bruno Pereira insistiu que a marcha decorreu de forma tranquila e elogiou o comportamento "sereno, elevado e democrático" dos polícias.
"Não estou a ver onde é que isso possa macular a legitimidade do protesto, mas mostra o sentimento dos polícias aos dias de hoje", acrescentou.
Questionado sobre se a contestação se manteria, a menos de um mês das eleições legislativas, Bruno Pereira admitiu que "provavelmente abrandará", para "dar espaço a que se faça a discussão e combate político".
Até agora, acrescenta, o objetivo foi influenciar e apelar ao debate.
"Já sabemos que quem vai ter de resolver esta questão será um dos líderes, que irá formar o novo governo. Ambos já assumiram que iriam dar a maior prioridade à resolução desta questão. Respeitamos os tempos da democracia, da constituição do novo governo, até que possam renovar os votos do que prometeram", concluiu.
Na sequência do protesto, a Direção Nacional da PSP confirmou à Lusa que vai comunicar ao Ministério Público a marcha e a concentração de polícias junto ao Capitólio por o protesto não estar autorizado.
Os elementos da PSP e da GNR estão em protesto há mais de um mês para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.
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