Margarida: "Parecia estar numa outra vida"

"Esta homenagem é para os que sofreram e morreram no Bataclan. Eles é que são heróis". Foram estas as palavras emocionadas de Margarida Sousa ao receber, ontem, a Medalha de Mérito Municipal Dourada, no Museu Municipal de Penafiel, perante uma sala repleta, que a aplaudiu de pé.

A emigrante portuguesa, que ficou conhecida como a porteira heroína que ajudou a salvar mais de 30 pessoas, foi homenageada na terra natal. "O ato heroico que teve nos atentados terroristas de Paris mostra coragem e bravura dignas de quem tem nas veias o sangue do herói Egas Moniz [aio de D. Afonso Henriques]", disse Antonino Sousa, edil de Penafiel.

Passados quatro meses, a mulher de 57 anos, natural de Galegos, não esquece a sexta-feira de 13 de novembro. "Parece que tudo paralisou naquele momento. Parecia estar numa outra vida. Tínhamos de ajudar as pessoas que estavam em sofrimento", referiu.Margarida Sousa acolheu no prédio onde vive e trabalha como porteira mais de 30 pessoas, sete em estado grave. Todas sobreviveram. Muitas já a contactaram, através de telefonemas e cartas. Outras já reencontraram a sua heroína. "Foram lágrimas de terror, de alegria e de dizer ‘você salvou-me e, por isso, estou aqui’. Isso vale muito", acrescentou.

A viver em França há 36 anos, Margarida regressa a Paris já no domingo. Quer voltar a Portugal "com mais calma", depois da Páscoa, para uma viagem em família à Madeira e possivelmente uma passagem por Fátima.