Pior está para chegar: Perigo máximo de incêndios por mais oito dias com calor a passar os 45 graus
Além do calor a intensificar-se, o vento vai manter-se e o cansaço começa a sentir-se no efetivo de combate aos fogos.
O perigo máximo para a ocorrência e desenvolvimento rápido de incêndios rurais vai prolongar-se por, pelo menos, mais oito dias. Nesse período está prevista a continuação de vento moderado, por vezes forte e de leste, e temperaturas muito altas, elevadíssimas. Entre domingo e terça-feira podem-se mesmo bater recordes de calor em algumas regiões do país. Há previsões que apontam para valores acima dos 45 graus, e até próximo dos 50 graus - bem como noites tropicais -, o que será um forte revés para o combate aos incêndios tendo em conta que estes últimos dias têm sido de dias quentes, mas noites frescas que ajudam a travar as chamas.
O dia de quarta-feira voltou a ser de muito trabalho para milhares de operacionais envolvidos no combate aos incêndios, que já vêm desde domingo a acorrer a novas ignições que acontecem a cada hora, no norte e centro do País. A situação mais complicada voltou a viver-se no incêndio de Arouca, que se estendeu aos concelhos vizinhos de Cinfães e Castelo de Paiva. O combate aos incêndios nesta zona envolveu cerca de um milhar de operacionais, que fizeram o que foi possível para salvar as casas ameaçadas e proteger as pessoas.
Em Pinhanços, Seia também eclodiu um incêndio numa zona sensível, que mobilizou mais de duas centenas de homens e mulheres. Um combate musculado conseguiu controlar as chamas. Assim aconteceu em outras ignições que aconteceram quarta-feira e para o que muito contou a rápida e eficaz resposta aérea, com descargas determinantes, e depois, em terra, o já habitual trabalho de sapa dos operacionais. No entanto, há um fator que começa a ser determinante: o cansaço dos operacionais. Para os grandes incêndios de Ponte da Barca, Arouca e Penamacor foram mobilizadas equipas de bombeiros praticamente de todo o País. Muitos fizeram várias centenas de quilómetros só para chegar ao local da ocorrência, a que se soma o desgaste físico natural do combate e das condições longe de ideais de descanso entre as horas de trabalho no terreno.
Conforme avançam os dias, aumenta o desgaste de meios. Face ao que está para vir, vários operacionais disseram ao CM que o Governo deveria ativar já, e de forma preventiva – porque demoram dois dias a chegar -, o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, sobretudo para receber meios aéreos pesados que, ao contrário do que a Ministra da Administração Interna entende e disse, são fundamentais em todas as fases do incêndio: início, combate e mesmo no rescaldo que se quer.
E TAMBÉM
Área ardida equivale a Lisboa e meia
Entre segunda-feira e quarta-feira, os incêndios destruíram em Portugal mais de 15 mil hectares de floresta e mato. Mais que os 14 500 que arderam entre 1 de janeiro e 27 de julho (domingo último). Estes 15 mil hectares ardidos desde segunda-feira representam uma área de uma vez e meia a cidade de Lisboa (100 km2).
6500 hectares queimados em Arouca
De acordo com dados oficiais, o fogo de Arouca destruiu mais de 6500 hectares; Penamacor, 2500; e Ponte da Barca, iniciado no domingo, mais de 3400.
GNR salva cão
Um militar da GNR está a ser louvado por ter colocado a sua vida em risco, na terça-feira, para salvar um cão que estava encurralado pelas chamas numa casa em Cuba, no Alentejo. O militar entrou pela habitação a arder e fez o resgate.
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