Pomada mal usada põe saúde em risco

Uma pomada anti-hemorroidal, da marca Scheriproct, medicamento também à venda em Portugal, tem vindo a ser usado por manequins e vedetas internacionais para disfarçar olheiras. O laboratório alemão Schering, que comercializa o produto, e médicos especialistas alertam para o risco de usar a pomada na cara para fins cosméticos, pois pode provocar alergias e outros problemas na pele.

07 de outubro de 2006 às 00:00
Pomada mal usada põe saúde em risco Foto: Jorge Godinho
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Num programa difundido em Setembro pela televisão norueguesa, o estilista Jan Thomas enunciou as virtudes cosméticas das pomadas anti-hemorroidais, predominantemente utilizadas pelas estrelas de Hollywood e por manequins.

Segundo jornais daquele país, a intervenção do estilista fez aumentar as vendas do produto na Noruega. “Temos de alertar contra o uso de cremes hemorroidais no rosto”, reagiu Siw Eriksson, um médico da filial norueguesa da Schering.

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O médico dermatologista Menezes Brandão, presidente da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, disse ao CM desconhecer que uma pomada anti-hemorroidal pudesse ser usada como cosmético e sublinhou os riscos para o uso incorrecto: “Esse medicamento contém cortisona e, a longo prazo [mais de quatro semanas], pode causar problemas. Os efeitos secundários podem ser vários e incluem o aparecimento de alterações na pele.”

Os cremes rectais, como o Scheriproct, contêm prednisolone, uma substância que, uma vez aplicada nos olhos ou em zonas cutâneas sensíveis, pode provocar ainda hemorragias.

Menezes Brandão alerta para que este tipo de pomada “nunca deva ser usado como creme cosmético”.

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A pomada Scheriproct tem autorização de venda em Portugal, pelo Infarmed – Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento –, desde 1987. É vendida mediante receita médica e cada bisnaga de 30 gramas custa 4,61 euros. Tem uma comparticipação do Serviço Nacional de Saúde em 40 por cento.

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