PORTUGUESA CONTROLA CÉU DA NATO
Diná Azevedo é a primeira europeia a pilotar um avião de vigilância (AWACS) na base aérea de Geilenkirchen (Alemanha) e é portuguesa. A capitão, 30 anos, dominará estes aparelhos a partir de Setembro.
Correio da Manhã - Quando é que começará a pilotar um avião de vigilância AWACS?
Diná Azevedo - A partir de Setembro. O curso iniciou-se em Abril último, neste momento sou a única mulher a ter formação e também a única piloto nesta base aérea. Contudo, estes dois factos não alteram em nada a ordem na minha aprendizagem.
CM - Porque optou por tirar o curso de piloto de AWACS, na Alemanha?
DA - Com o objectivo final de ver serem-me abertas novas portas. Fui a melhor classificada no meu curso, pelo que tive esta oportunidade. Agora quando começar a pilotar estes aparelhos, espero vir a ser proposta para piloto-comandante. Se tudo correr dentro do previsto, a minha permanência na Alemanha será de três anos.
CM - Desde pequena que sonhava em ser piloto?
DA - Não, quando terminei o 12.º ano, tomei conhecimento da primeira mulher a entrar para a Força Aérea, o que aconteceu em 1988, (Diná foi a segunda de um total actual de cinco mulheres piloto). Então, em 1990 optei por me inscrever na Academia da Força Aérea, ao mesmo tempo que me candidatava a engenharia no Instituto Superior Técnico de Lisboa. Preferi a Força Aérea pelo facto de não ter de trabalhar sempre no mesmo horário e na mesma fábrica.
CM - Sente que ao ser uma das primeiras mulheres piloto portuguesas está a abrir um novo caminho para as mulheres?
DA - Sim, existe uma grande curiosidade das pessoas em saber como é possível ingressar nesta profissão. Muitas pessoas, quando sabem da minha profissão, vêm ter comigo, sobretudo mães que explicam o gosto das filhas pelos aviões, para se informarem das condições para o ingresso na Força Aérea.
CM - Como é que foi a primeira vez que pilotou sozinha um avião?
DA - Estava muito alegre e com muita energia, lembro-me que falei sozinha, gritei mesmo.
CM - Espera ter a mesma reacção quando conduzir um destes aviões de vigilância?
DA - Penso que não, porque não estarei sozinha, depois, apesar das diferenças, há algumas semelhanças com os aviocars, apesar destes serem mais pequenos, leves e lentos que os AWACS.
CM - Como é que é viver numa base aérea longe do país natal?
DA - Vivo nos arredores da base com a minha filha, e com os meus sogros ou os meus pais. O aspecto mais positivo é a pacatez do lugar. Menos bom é a comida alemã. Outro senão é o tempo, chove bastante e faz muito frio.
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