PRIMEIRA MULHER DOUTORADA EM DIREITO

A Justiça perdeu ontem uma das suas mais emblemáticas figuras. Isabel Magalhães Colaço, a primeira mulher portuguesa doutorada em Direito, morreu aos 78 anos. As reacções de pesar recordam o seu espírito de diálogo, que ajudou a superar a tradicional rivalidade entre as faculdades de Lisboa e Coimbra.

02 de novembro de 2004 às 00:00
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O catedrático de Coimbra Costa Andrade foi das primeiras personalidades a manifestar pesar pela morte. “Como professor de Coimbra, associo-me à Faculdade de Direito de Lisboa no sentimento de dor, perda e saudade, porque os colegas de Coimbra também sentem que perderam muito”.

Isabel Magalhães Colaço deu a última aula em 1996, depois de 40 anos de ensino. Nascida a 23 de Setembro de 1926, formou-se em Direito, em Lisboa, em 1948, com destinção. Embora sonhasse fazer carreira académica, um grupo de professores liderado por Marcelo Caetano não permitiu. Mas ele admirava-a, o que a levou, antes dos 30 anos, a trabalhar a seu lado e a representar Portugal em missões internacionais.

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Obtém o doutoramento em 1954, mas terá que esperar mais de uma década para dar aulas. Só o conseguirá quando Marcelo Caetano troca a Faculdade de Direito de Lisboa pelo Governo. Até 1992, Isabel Magalhães Colaço será a única mulher doutorada em Direito em Portugal.

Entre os seus alunos contam-se Mário Soares, Jorge Sampaio, Sousa Franco, Almeida Santos ou Marcelo Rebelo de Sousa. O professor José Hermano Saraiva refere-se a Isabel Magalhães Colaço como “grande autoridade no Direito português”. A missa de corpo presente celebra-se às 15h00, na Basílica da Estrela, o cortejo fúnebre segue depois para o cemitério dos Prazeres.

"GRANDE FIGURA"

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“Isabel Magalhães Colaço será recordada como uma grande figura do Direito e da investigação jurídica, uma figura de renome internacional. Foi uma grande figura do Direito, da investigação jurídica e uma grande pioneira na forma como encarou o papel do jurista.” José Miguel Júdice (Bastonário da Ordem dos Advogados)

"PERDA IRREPARÁVEL"

“É uma profunda e irreparável perda para a cultura jurídica portuguesa. Isabel Magalhães Colaço foi uma investigadora insaciável e brilhante, que ensinou gerações e gerações de alunos, ajudando a formar quadros jurídicos, políticos e da Administração Pública Portuguesa.” Costa Andrade (Professor catedrático)

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