Primo de Rui Costa burla ‘Máfia da Noite’
Alfredo Morais e Paulo Baptista entre mais de 20 vítimas de esquema com automóveis de luxo
A vida de Vítor Gouveia, conhecido por ser primo direito de Rui Costa, director do Benfica, era enganar os amigos e dezenas de clientes na compra e venda de automóveis de luxo, usando de fachada o stand Status Car. Os esquemas de burla variam – ficando com os carros ou o dinheiro das vítimas – e só no DIAP de Lisboa amontoam-se contra o ‘Gordo’, como ficou conhecido, 25 processos. Ainda não é procurado pela Justiça, mas já está no estrangeiro: enganou Alfredo Morais e Paulo Baptista, da ‘Máfia da Noite’.
Condenados no megaprocesso de extorsão em casas de alterne da capital, Morais e Baptista confiaram ao ‘Gordo’, que conheciam inclusive do Elefante Branco, cerca de 14 mil e 40 mil euros, respectivamente, para a compra de carros de luxo. Foram burlados.
Ou vendia carros de vítimas a terceiros, ficando com o dinheiro, ou trocava de carros com as vítimas, deixando-as, sem saber, a dever fortunas a empresas financeiras.
O isco eram as propostas irresistíveis. E nem amigos de longa data escaparam. Ou as empresas que aprovavam créditos: BNP Paribas, Credifin e Caixa Leasing são algumas das lesadas nas burlas milionárias.
"ELE ERA TUDO À GRANDE, FAZIA VIDA DE RICO"
A empresa Nabais e Pernes, propriedade de Rogério Pernes, ex--presidente da Junta de Freguesia de Samora Correia, foi uma das lesadas. Carlos Pernes, até então amigo pessoal de Vítor Gouveia e filho do proprietário da empresa, em conversa com o CM, disse que foram burlados em cerca de 200 mil euros, correspondentes à compra de um Porsche Carrera, uma Mercedes 220 e uma carrinha Audi A6. "Era um amigo, frequentava a nossa casa", começou por dizer. "Nunca pensámos que isto pudesse acontecer. Depois, quando tudo se soube, fugiu." Carlos Pernes diz que Vítor Gouveia "apresentava negócios difíceis de recusar" e que "com ele era tudo à grande, fazia uma vida de rico. Aparentava ter muito dinheiro." A empresa Nabais e Pernes foi uma das que apresentaram queixa--crime contra Vítor Gouveia.
CRÉDITOS APROVADOS SEM APRESENTAR DOCUMENTOS
Na altura de burlar, a imaginação de Vítor Gouveia, conhecido entre os amigos por ‘Gordo’, era bastante vasta. O empresário do ramo automóvel tinha várias maneiras de enganar clientes e empresas financeiras: aceitava vender viaturas à consignação no seu stand, em Lisboa, mas depois não dava o dinheiro ao proprietário; ia junto de financeiras e conseguia a aprovação de créditos sem nunca apresentar os documentos das viaturas, assinando um documento em que se comprometia a fazê-lo em 30 dias. Não o fazia e os donos acabavam a pagar algo que nunca seria deles. Noutras situações, conseguia obter dois créditos: dizia ao cliente que se desfazia do carro que ia encerrar o crédito – o que não fazia – e obtinha outro para o novo comprador.
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