Processo a guarda por uso de bastão na origem de greve geral na cadeia de Lisboa
Revolta na prisão de Lisboa por sucessão de processos. Começa hoje paralisação total de guardas na cadeia da capital.
Um guarda da cadeia de Lisboa está ameaçado com 90 dias de suspensão (pena disciplinar), por ter recorrido a um meio coercivo, bastão, para separar uma luta entre dois reclusos. A perspetiva deste castigo, que está em fase de recurso, lançou a revolta entre os guardas. Tanto assim que o Sindicato Nacional da Guarda Prisional (SNGP) marcou para hoje o início de uma greve geral na prisão da capital, a maior do país. A paralisação deverá prolongar-se até final do ano.
Há vários anos que o efetivo desta cadeia não é reforçado e a população prisional já ultrapassa, segundo o Sindicato Nacional da Guarda Prisional (SNGP), os mil reclusos. Além de serem poucos, os guardas desta cadeia estão, segundo o SNGP, "sujeitos a vários processos disciplinares". Há cerca de oito anos que ali decorre uma greve às horas extraordinárias. No mês passado, essa greve foi reforçada, com todas as atividades dos presos (trabalho, biblioteca, estudo, entre outros), a terminarem às 16h00. O encerramento dos presos começou, também, a ser atrasado para as 20h00, devido à falta de guardas.
Frederico Morais, presidente do SNGP, considera que o processo já mencionado, e outros surgidos entretanto, "são inaceitáveis". "O processo do guarda punido com 90 dias já está em recurso judicial. E outros também", acrescenta. "Neste momento é mais um estabelecimento onde o sindicato se vê obrigado a agravar as medidas, por forma a garantir a segurança dos nossos colegas. Há cada vez menos guardas para cerca de 1000 reclusos, uma verdadeira bomba relógio", diz o dirigente sindical. "A greve geral pode ser prolongada para o próximo ano, caso não vejamos que a situação na prisão de Lisboa melhora", conclui o responsável sindical.
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