PSP detido em operação da PJ estava de baixa há mais de um ano
Agente prestava serviço no Comando Distrital de Beja mas "não estava atualmente a trabalhar".
O agente da PSP detido esta terça-feira na operação da Polícia Judiciária que desmantelou uma rede criminosa de auxílio à imigração ilegal pertencia ao Comando Distrital de Beja, mas estava de baixa há mais de um ano, revelou fonte da Polícia.
Contactada pela agência Lusa, fonte da Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) explicou que o elemento "prestava serviço no Comando Distrital de Beja", mas "não estava atualmente a trabalhar".
"Estava de baixa desde setembro de 2024", acrescentou a fonte.
Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou hoje ter desmantelado uma organização criminosa de auxílio à imigração ilegal que controlava centenas de trabalhadores estrangeiros, a maioria em situação irregular em Portugal.
A operação resultou em 17 pessoas detidas, das quais 10 militares da GNR, um elemento da PSP e seis civis, e foi realizada através da Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da PJ, no âmbito de um inquérito titulado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
No total, segundo a PJ, foi dado cumprimento a cerca de 50 de mandados de busca e 17 mandados de detenção, não só em Beja, mas também em Portalegre, Figueira da Foz e Porto.
Fonte policial contactada pela Lusa indicou que os 10 militares da GNR detidos pertencem ao Comando Territorial de Beja da GNR.
Em comunicado publicado na página de Internet do DCIAP, o Ministério Público (MP) disse que os 17 detidos são suspeitos de se terem aproveitado da fragilidade das vítimas para "retirarem avultadas vantagens económicas".
"No inquérito investiga-se a atividade desenvolvida pelos suspeitos que se aproveitaram da situação de fragilidade (documental, social e económica) de cidadãos originários de países terceiros, na sua grande maioria indocumentados, para daí retirarem avultadas vantagens económicas", pode ler-se.
Os factos investigados, de acordo com o MP, são suscetíveis de integrar a prática dos crimes de auxílio à imigração ilegal, de tráfico de pessoas, de corrupção ativa e passiva e de abuso de poder.
Já a PJ, igualmente no comunicado, referiu que estão em investigação crimes de auxílio à imigração ilegal, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Os imigrantes, alegou o MP, "estavam dispostos a trabalhar sem contrato formalizado" e recebiam "remuneração inferior à praticada no mercado para as funções" a realizar "em setores de utilização intensiva de mão-de-obra, como o da agricultura".
"Os suspeitos não entregaram àqueles os valores prometidos, tendo-lhes deduzido montantes arbitrariamente impostos, referentes a despesas de alojamento, transporte, água, eletricidade e documentação", salientou.
Lembrando que entre os suspeitos estão elementos de forças de segurança, o MP realçou que estes, "a troco de compensação económica, fora das respetivas competências profissionais e infringindo os deveres a que estão obrigados em razão do exercício de funções públicas", exerciam "o controlo e vigilância dos trabalhadores estrangeiros".
"Estes suspeitos ameaçavam ainda aqueles cidadãos, dando-lhes a entender que a queixa às autoridades não seria uma alternativa viável para reagir aos abusos" de que eram alvo, sublinhou.
Fonte policial disse à Lusa que, na sequência da operação, as inquirições estão a ser realizadas na Base Aérea n.º 11 de Beja.
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