"Sabia que a culpa ia morrer solteira"

Famílias de pescadores indignadas com o arquivamento.

17 de novembro de 2016 às 08:33
Olívia Ribau Foto: Direitos Reservados
Partilhar

"Quero justiça, porque isto não pode ficar assim. O meu marido podia estar vivo se tivesse sido socorrido." Ilda Coelho, mulher de Joaquim Comboio, um dos cinco pescadores mortos no naufrágio da embarcação de pesca ‘Olívia Ribau’, em outubro de 2015, na Figueira da Foz, não se conforma com a decisão de arquivar o processo. "É uma injustiça muito grande", diz, indignada, e lembra que o marido esteve alguns minutos agarrado ao casco do barco a pedir socorro."Nesta gente toda que envolve a Capitania e os Socorros a Náufragos tem de haver culpados", diz Ilda Coelho, que pondera recorrer. Marina Paiva, que além do tio Joaquim Comboio perdeu o pai, Adriano Cambóia, não ficou surpreendida: "Sabia que a culpa ia morrer solteira."

A imagem revoltou amigos e familiares, que atribuíram culpas aos alegados atrasos no socorro. Dois dos três elementos da Estação Salva-Vidas apenas responderam às chamadas telefónicas uma hora e meia depois, alegando que não ouviram o telefone.

Pub

Mas o Ministério Público entendeu, diz o despacho de arquivamento, que, "mesmo que tudo tivesse funcionado, quando a tripulação da Estação Salva-Vidas chegasse à zona do naufrágio já aí não se encontraria Joaquim Comboio agarrado ao varandim, lutando pela vida. Antes já teria sucumbido ao frio, cansaço e força do mar, morrendo afogado", pode ler-se.

Sem provas de que os elementos da Estação Salva-Vidas tivessem ignorado os telefonemas de socorro, o processo por homicídio negligente e omissão de auxílio foi arquivado. O mesmo aconteceu quanto ao então capitão do Porto, Paulo Inácio.

Pub

"Nesta gente toda que envolve a Capitania e os Socorros a Náufragos tem de haver culpados", diz Ilda Coelho, que pondera recorrer. Marina Paiva, que além do tio Joaquim Comboio perdeu o pai, Adriano Cambóia, não ficou surpreendida: "Sabia que a culpa ia morrer solteira."

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar