Seis famílias sem casa
Seis famílias compostas por dezassete pessoas, entre elas três crianças e um adolescente que sofre de leucemia, viram-se ontem obrigadas a abandonar as casas clandestinas onde moravam na Serra da Luz, Odivelas. O perigo de se dar uma derrocada é iminente e a Câmara Municipal de Odivelas (CMO) quis evitar uma tragédia.
As 17 pessoas foram levadas, com a ajuda da Protecção Civil, para a pensão da Segurança Social, Janelas Verdes, em Lisboa, onde vão ficar em regime de pensão completa. Em breve, a CMO vai demolir as casas sem recurso a maquinaria.
Um estudo elaborado por uma arquitecta, um geólogo e um engenheiro da CMO provou que a vivenda Elizabet e o lote 14 A, sitas na Rua D. Fernando, encosta do Bairro Serra da Luz, estão em risco de derrocada. A chuva intensa e as cheias de segunda-feira provocaram o desabamento das terras (argila e arnito) que sustentavam os pilares das casas. O mau tempo previsto para este fim-de-semana pode agravar a situação, uma vez que se espera muita chuva, trovoadas e mais inundações.
O estudo da Câmara revelou também que naquele bairro há mais 186 habitações que têm de ser demolidas, apesar de, por enquanto, ainda oferecerem condições de segurança às cerca de 7 mil pessoas que ali residem. A maior parte estão em situação ilegal, clandestina ou precária.
Fausto Gomes mora há 10 anos no 1.º dto. do lote 14A. Tem quatro filhos, com 5, 9, 15 e 17 anos. O mais velho sofre de leucemia. A mulher está desempregada e, até ontem, pagava uma renda de 269 euros. Quando for realojado em definitivo não sabe como vai conseguir sustentar a família, com os 800 euros que ganha: “Eu tinha dito ao senhorio que, sendo eu pedreiro, arranjava isto se ele me desse os materiais. A resposta que me deu foi para me ir embora se estivesse mal. Fomos obrigados a sair porque corremos perigo de vida”, conta ao CM.
Segundo Susana Amador, presidente do município de Odivelas, este senhorio “só se mostrou preocupado em saber se os moradores deslocados iam pagar a renda, a luz e a água do mês de Março”. “O que me importa de momento é garantir a segurança destas pessoas. Procedemos à evacuação porque não sabemos quando as casas vão cair”, afirmou a autarca criticando a ‘atitude exploradora’ do indivíduo.
A encosta da Serra da Luz foi considerada zona não apta para construção, pelo que o bairro terá de ser todo demolido. Susana Amador afirmou ontem que o plano de requalificação da vertente sul do concelho 8 que abrange este e mais quatro bairros) está pronto. O investimento é de 50 milhões de euros, que a autarquia diz não ter, mas espera contar com a ajuda do Governo.
COMERCIANTES DE SETÚBAL TEMEM MARÉS
Numa altura em que ainda se contam os prejuízos, a Associação de Comerciantes de Setúbal diz que 65% dos lojistas atingidos pelas cheias de segunda-feira não têm seguro e muitos perderam quase tudo, incluindo mobiliário, equipamento informático e a mercadoria. “Receamos que este número possa aumentar para 80%. Esperamos que o Governo ajude, eventualmente através da abertura de uma linha de crédito”, defendeu o representante da associação Joaquim Milho. As previsões de chuva para hoje, que coincidem com uma maré viva, já levaram a Câmara a emitir um alerta à população.
"AS BUSCAS A CORPO VÃO CESSAR"
Carlos Jaime, comandante dos Bombeiros Voluntários do Dafundo, está convicto que o cadáver de Zíbia Silva – que desapareceu em Belas, Sintra – vai aparecer no rio Tejo, entre Alcântara e Oeiras. “Há 80 por cento de hipóteses de o corpo ter sido levado pela corrente”, diz ao CM, afirmando que “as buscas não cessam até aparecer o corpo”. A mala da jovem
apareceu ontem em Barcarena, mas esse não é factor indicativo de que o cadáver esteja naquela área. Carlos Nunes, porta-voz da família, diz que vão esperar “72 horas para encontrar Zíbia e fazer o funeral com a irmã, Sara”.
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