Tiros e sequestro depois de assalto
"Um deles deitou-me as mãos ao pescoço e encostou-me a faca à garganta", recorda ao CM Carlos Oliveira, ourives aterrorizado ontem de manhã, no Fundão, por quatro assaltantes com armas brancas e um revólver. Entraram para o Opel, roubado por carjacking na Margem Sul, há uns dias – e voltaram à capital, mas a 6ª secção da PJ de Lisboa já os esperava na A1, em Aveiras. Foram seguidos a alta velocidade até à zona do Centro Comercial Fonte Nova, em Benfica, onde saíram do carro e tentaram fugir a pé. Não tiveram hipóteses: um foi logo apanhado à mão; outro tinha o revólver mas desistiu quando levou um tiro numa perna; e, um terceiro, ainda lançou o pânico dentro de um cabeleireiro onde se barricou até ser preso. Escapou um, que deverá ser apanhado pela PJ rapidamente.<br/><br/>
O sequestrador da cabeleireira, que desmaiou quando viu o assaltante tentar esconder-se ali, conseguira soltar-se da polícia e correu quase um quilómetro até entrar na loja, onde foi preso pela PJ cerca das 13h00. Entretanto, tentou roubar a pistola a um inspector.
Mas a PJ contara com a colaboração da GNR desde as 10h00, altura em que o gang saiu do Fundão. Naquela cidade, Carlos Oliveira tinha acabado de abrir a ourivesaria quando foi atacado. "Quando vi o carro a travar de repente na rua e a saírem de lá quatro homens armados e encapuzados, percebi rapidamente que queriam roubar-me e tentei fechar a porta da loja, mas já não tive tempo para o fazer", conta o ourives.
"Um deles correu, deitou-me as mãos ao pescoço e, encostando-me a faca à garganta, exigiu mais do que uma vez que abrisse o cofre. Enquanto isso, outros dois, um deles de cara destapada, partiram as vitrinas e retiraram objectos de ouro e relógios, de valor ainda não foram contabilizados." Os quatro, entre os 23 e os 40 anos, são cadastrados por crimes violentos. Vão hoje a tribunal.
MOTORISTA DO GANG TRAVA POPULARES A TIRO
Na altura em que três dos assaltantes eram presos pela PJ em Lisboa, ainda Carlos Oliveira – dono da ourivesaria/relojoaria Bela Jóia, na rua Jornal do Fundão – estava impressionado com a violência e rapidez do assalto, que não teve consequências piores por a zona ser uma das mais movimentadas da cidade. Ao aperceberem-se do assalto, muitos populares começaram a aproximar-se da ourivesaria.
Um deles, Silvestre Carvalho, estava a poucos metros e foi dos primeiros a tentar intervir. Mas ele e outras pessoas nada puderam fazer para evitar o crime, pois foram ameaçados pelo assaltante que estava no carro – à espera dos cúmplices –, que começou a recuar e a disparar vários tiros (pelo menos dois) com uma pistola que se supõe ser de alarme, pois não foram encontrados invólucros de balas.
ASSALTANTE EM TRONCO NU TENTA APANHAR TÁXI
O assaltante que acabou apanhado no cabeleireiro, já em Lisboa, esteve controlado pela polícia mas libertou-se e começou a correr. Em tronco nu – o empregado de um café conta que viu ladrões "a tirar a roupa e atirar telemóveis e relógios roubados fora" –, o fugitivo atravessou o Fonte Nova e entrou num táxi junto à pastelaria Califa. "Teve azar. O taxista estava com o sócio a fazer a mudança de turno e disse que não iam a lado nenhum. A seguir tentou enconder-se no cabeleireiro, mas já vinha a polícia atrás dele. Ameaçou as pessoas e a proprietária desmaiou", conta o proprietário de um quiosque.
PORMENORES
VÁRIOS DISPAROS
Segundo uma testemunha do assalto do Fundão, a comerciante Paula Vitória, foram disparados vários tiros de intimidação por parte dos assaltantes. "Ouvi cinco. Voltei para a loja, fechei a porta e fugi para o armazém."
APANHADO NO MEIO
Um morador do Fundão, Silvestre Carvalho, reformado, foi apanhado no tiroteio. "Saiu um encapuzado do carro, que começou aos tiros."
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