Tóxico mata criança
O proprietário e o funcionário de uma loja de electrodomésticos, em Maceira, Leiria, começaram ontem a ser julgados sob a acusação de negligência na morte de uma criança de dois anos e nove meses, que ingeriu um líquido tóxico durante uma visita ao estabelecimento.
O acidente mortal deu-se a 14 de Julho de 2004. Rogério e Anabela Santos deslocaram-se à loja de electrodomésticos de Carlos Vale para comprar uma máquina de lavar roupa. E levaram o pequeno Henrique.
Enquanto escolhiam o modelo e discutiam o melhor preço, o menino escapou-se para o exterior e foi brincar para cima da tampa de uma cisterna. Minutos depois, a mãe deu com ele caído no chão, hirto e inconsciente. Tinha acabado de ingerir uma porção de tolueno – um produto tóxico – que estava numa garrafa de plástico de refrigerante.
Henrique foi transportado ao Hospital de Leiria e transferido para o Pediátrico de Coimbra, onde veio a falecer um dia depois.
Numa primeira fase, o Ministério Público abriu um processo que acabou por arquivar. Como não tinham sido ouvidos, os pais pediram a abertura da instrução e o caso seguiu para julgamento. Carlos Vale e João Cardoso são acusados de um crime de homicídio por negligência e omissão. Os pais do menino exigem uma indemnização de 120 mil euros.
Ontem, os arguidos negaram ter responsabilidades na morte do Henrique. “Faz-me confusão como é que a criança conseguiu abrir a garrafa”, disse o proprietário da loja. Em seguida, o empresário foi aconselhado pelo seu advogado a não responder às perguntas da acusação, mas não respeitou o conselho.
Os pais do menino e o médico que lhe prestou os primeiros socorros serão ouvidos hoje pelo tribunal.
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