“Vi os dois irmãos a sair das chamas”
Adriano e Cláudio Courela, de 22 e 19 anos, irmãos bombeiros da corporação de Zambujal, Loures, ficaram anteontem feridos com gravidade durante o combate a um incêndio na serra da Vale do Rei, em Bucelas. Uma sequência de rajadas de vento fez com que ficassem rodeados pelo fogo, sofrendo queimaduras de 1º e 2º graus. Quase à mesma hora, e durante um incêndio em Milharado, Mafra, outro bombeiro, desta vez da corporação da Malveira, ficou ferido num pé.
Joaquim Vicente comanda o corpo de Bombeiros do Zambujal. Pelas 20h05 de quinta-feira, um alerta para um incêndio em Monte do Machado, na serra de Vale do Rei, em Bucelas, levou a que a corporação tivesse de se juntar ao esforço de combate às chamas.
Os irmãos Adriano e Cláudio Courela foram dos primeiros a chegar ao local das chamas. "Iam numa equipa de primeiro combate, com mais quatro colegas", explicou o comandante Joaquim Vicente.
Equipados com o fato de combate às chamas, os dois irmãos efectuaram todas as manobras correctas para abordagem ao incêndio. Até que uma súbita mudança da direcção do vento trouxe o pânico. "Bastaram quatro, cinco rajadas, para que eles ficassem rodeados por um anel de fogo", acrescentou o comandante Joaquim Vicente. Com queimaduras nos braços, pernas, e tronco, Cláudio e Adriano só a custo conseguiram salvar-se. "Vi os dois irmãos a saírem das chamas", adiantou o comandante dos Voluntários do Zambujal. Assistidos no local, os dois irmãos foram transferidos para o Hospital de São José e ontem à tarde para o Hospital da Prelada, no Porto. Têm queimaduras de 1º e 2º graus, e o seu estado é estável, apesar de inspirar cuidados. Quase à mesma hora, mas em Milharado, Mafra, um bombeiro da corporação da Malveira sofreu um entorse num pé durante um combate a outro incêndio.
PRIMEIROS DIAS DE OUTONO BATEM MÉDIA DE VERÃO
Os primeiros 15 dias deste Outono registaram, em média, mais fogos por dia do que a época de Verão, o período habitualmente mais crítico para as florestas. Desde 23 de Setembro deflagraram 2698 incêndios, uma média diária de 193. O período que mais se aproximou daquele resultado foi o mês de Agosto, com uma média de 128 fogos por dia. Este Outono, segundo o Sistema Europeu de Fogos Florestais (EFIS), arderam mais de seis mil hectares de floresta. Só Julho e Agosto registaram piores resultados. O maior fogo do ano, segundo o EFIS, deflagrou a 21 de Julho, em Idanha-a-Nova, e consumiu 2080 hectares. As chamas que lavraram 27 horas, esta semana, em Castanheira de Pera destruíram 324 hectares.
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