Vítima de seguranças do Urban em tribunal: “Pensei que não ia sair vivo dali”

"Até hoje ainda não percebi porquê. Fui atirado ao chão por um dos seguranças e só tive tempo de pôr os braços a proteger a cabeça antes de ele saltar a pés juntos e pisar-me. Depois perdi os sentidos e apenas me lembro de acordar já dentro da ambulância. Mas pensei que não ia sair vivo dali."

O relato é de André Reis, atualmente com 22 anos, um dos dois jovens que foram espancados por três seguranças do Urban Beach, a 1 de novembro de 2017. A vítima falou ontem na primeira sessão de julgamento, no Campus de Justiça, Lisboa.

Pedro Inverno, David Jardim e João Ramalhete – este último em prisão preventiva mas por envolvimento no processo dos Hell’s Angels – respondem por um crime de homicídio qualificado na forma tentada. O caso foi filmado com telemóveis e, na altura, obrigou ao encerramento da discoteca e levou mesmo a alterações legais por ordem do ministro da Administração Interna. Os três arguidos recusaram prestar declarações no início do julgamento.

André Reis, que tal como o amigo Magnusson Brandão se constituíram assistentes no processo – exigem cada um 50 mil euros de indemnização –, falou durante quase três horas sobre a forma como foi atacado pelos seguranças, alegando não ter feito nada que o justificasse.

No entanto, teve dificuldade em identificar os agressores, sentados a poucos metros na sala de audiências, o que levou um dos advogados de defesa a apresentar um requerimento por "contradições" com as declarações prestadas na fase de inquérito.