"Volta Coruche" pede esclarecimentos sobre contratos e fundos após buscas da PJ na Câmara Municipal
Câmara de Coruche foi alvo de buscas para apurar eventuais práticas ilícitas na gestão autárquica, nomeadamente na aplicação de fundos europeus e na contratação de serviços e obras públicas.
O movimento independente "Volta Coruche" manifestou esta sexta-feira "espanto" com as diligências da Polícia Judiciária (PJ) na Câmara de Coruche, na quinta-feira, e pediu esclarecimentos sobre os contratos e obras que estão a ser investigados, nomeadamente se envolvem fundos comunitários.
"Há alguma admiração, algum espanto por esta ação. Gostávamos de saber quais são os contratos, quais são as obras, se envolvem ou não financiamentos comunitários", afirmou esta sexta-feira à Lusa o vereador Dionísio Mendes, líder do movimento, sublinhando que essa informação "não ficou expressa no comunicado da Câmara".
O autarca, que já foi presidente do município, considerou que agora é preciso "aguardar que as averiguações sejam levadas a cabo e que se saiba exatamente tudo", lembrando que "situações destas acontecem" e que "há outras câmaras onde isso também sucede".
Questionado sobre se a operação levanta dúvidas sobre a gestão autárquica, Dionísio Mendes disse não querer especular: "Para já não. Segundo sabemos, derivam de uma denúncia anónima. A gestão atual evidentemente não tem nada a ver com o assunto, isto é da gestão anterior, mas aguardemos para ver qual é o fundamento".
O líder do "Volta Coruche" frisou que o movimento não tem "qualquer informação que permita levantar dúvidas" sobre procedimentos administrativos e reiterou que a sua principal exigência em matéria de transparência é a transmissão das reuniões da Câmara e da Assembleia Municipal.
"Insistimos muito nisso e até agora ainda não foi possível. A Câmara diz que está a organizar as coisas, mas gostaríamos que acontecesse com máxima urgência", sublinhou.
A PJ confirmou na quinta-feira à Lusa estar a realizar buscas na Câmara Municipal de Coruche, sem adiantar pormenores sobre a operação. Segundo o NOW apurou, as diligências visam apurar eventuais práticas ilícitas na gestão autárquica, nomeadamente na aplicação de fundos europeus e na contratação de serviços e obras públicas.
Num comunicado enviado à Lusa no mesmo dia, o município, no distrito de Santarém, garantiu "total disponibilidade para prestar todos os esclarecimentos solicitados" e sublinhou que mantém "um compromisso firme com a transparência, o rigor e a responsabilidade na gestão pública", princípios que, assegurou, "continuarão a orientar a atuação da autarquia".
A câmara presidida por Nuno José Azevedo (PS) estranhou, contudo, que "a informação relativa à operação tenha sido divulgada publicamente antes da entrada da Polícia Judiciária nas instalações dos Paços do Concelho e já com referência ao âmbito das diligências".
"Naturalmente, estranhámos", escreveu a autarquia.
Nuno Azevedo foi eleito nas autárquicas de outubro e sucedeu a Francisco Oliveira, também do PS. O Partido Socialista obteve 32% dos votos e três mandatos, o mesmo número de eleitos do movimento independente "Volta Coruche", liderado por Dionísio Mendes, antigo presidente da câmara, eleito anteriormente pelo PS.
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