Cansado dos entraves burocráticos que encontrou durante quatro anos para abrir um abrigo para animais em conjunto com autarquias algarvias, o britânico Sid Richardson avançou com a construção de um espaço totalmente financiado por si próprio e que já lhe custou mais de um milhão de euros.
Face à ilegalidade da construção, que o próprio reconhece, por as estruturas estarem em terrenos da Rede Ecológica Nacional (REN), a câmara louletana notificou-o para demolir o abrigo. Sid vai combater o caso nos tribunais.
"Noventa por cento dos canis em Portugal são geridos de forma privada e muitos deles estão na mesma situação que o meu. Se a demolição avançar, abrem um precedente perigoso", diz o empresário de restauração a residir no Algarve há 20 anos.
O argumento de Sid é que não existem canis suficientes para fazer frente à quantidade de animais abandonados que existem nas ruas e que iria prestar um serviço à comunidade sem pedir contrapartidas.
"Trabalhamos com um sistema de voluntariado internacional que nos dá a hipótese de termos o rácio de uma pessoa para seis cães. Os animais passeiam duas vezes por dia e somos muito seletivos nas adoções para lhes dar uma casa em condições", refere Sid Richardson.
O abrigo tem neste momento mais de 160 animais e em 11 meses já deu para adoção 190 cães.
A autarquia louletana explica que agiu devido a uma denúncia, que foi confirmada após uma fiscalização no local. E acrescenta que não havia outra alternativa senão mandar demolir o espaço sob o risco de criar precedentes para mais construções em zonas REN.