De motosserra nas mãos, Nelson Ramos está a transformar um pinheiro manso, ardido no incêndio de agosto, em figuras de presépio em tamanho real.
É o segundo ano que este escultor de madeira faz o seu trabalho ao vivo em Monchique. As peças serão expostas no Natal no principal largo da vila serrana.
"Este ano, estou a esculpir as figuras de uma vaca e de um burro. Comecei na passada terça-feira e devo levar mais quatro ou cinco dias para concluir o trabalho", conta ao
CM Nelson Ramos.
Além destas figuras, o público vai ter a oportunidade de ver as outras esculturas em madeira que foram feitas no ano passado - o Menino Jesus, Maria, José e uma ovelha.
Entalhador de profissão, este algarvio que reside no Alentejo começou a esculpir com motosserras há cerca de cinco anos. "A motosserra permite que se faça esculturas de maiores dimensões e com maior rapidez", explica.
Existe uma regra de que o escultor não abdica: nunca sacrificar árvores saudáveis. Só usa como matéria-prima "árvores que tenham sido abatidas por motivos de segurança, doença ou queimadas", procurando com o seu trabalho "devolver- -lhes o esplendor".
Este ano, Monchique foi palco de uma devastador incêndio, que lavrou durante sete dias seguidos. Grande parte da floresta do concelho acabou por ser destruída pelas chamas.
Por isso, a opção de Nelson Ramos foi aproveitar os troncos de um pinheiro manso "morto pelo fogo" para fazer as esculturas.
O som das motosserras não passa, por outro lado, despercebido aos populares que passam pelo centro de Monchique. "É um trabalho difícil", comenta António Costa, enquanto assiste à transformação dos troncos em figuras de presépio.