Milhares de operacionais invadiram o Terreiro do Paço e exigiram um comando único.
Bombeiros ameaçam abandonar luta ao fogo
O que fizeram os bombeiros para este desrespeito? É altura de dizer basta. Basta de mão de obra barata, mas competente e profissional, basta de deixar os bombeiros fora da estrutura da Proteção Civil quando são os bombeiros que respondem a mais de 90% das ocorrências em todo o País. Basta!"
Foram estas as palavras que levaram este sábado mais de três mil bombeiros de todo o País a aplaudir o presidente da Liga dos Bombeiros, no Terreiro do Paço, em Lisboa, na primeira manifestação da classe. O protesto terminou com um ultimato: caso a situação se mantenha, os bombeiros podem recusar integrar o Dispositivo de Combate a Incêndios Florestais no próximo ano.
Mais de 3000 bombeiros e 750 viaturas pintaram de vermelho o espaço defronte do Ministério da Administração Interna, cujo titular é acusado de aprovar uma lei orgânica da Autoridade Nacional de Proteção Civil "completamente desajustada da realidade do País" e que "interfere na autonomia" das associações humanitárias dos bombeiros. Vieram de todo o País, com o apoio do comando e das direções dos corpos de bombeiros, para deixar claro que exigem "respeito" e não aceitam que as alterações "coloquem os bombeiros voluntários num papel secundário".
"Queremos autonomia, um comando único como a PSP, a GNR, o Exército, o INEM ou até a Cruz Vermelha. Todos têm a sua autonomia e liberdade, mas os bombeiros não. Agora querem intermunicipalizar-nos para nos dividir", apontou Marta Soares durante o discurso.
"Costa montou lobby secretário"
As críticas da Liga dos Bombeiros ao Governo estenderam- -se ao primeiro-ministro António Costa, que foi acusado de montar um "lobby sectário e corporativista" através da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), criada na sequência dos incêndios de 2017.
"Foi o senhor primeiro-ministro quem decidiu. Por um lado, criou uma superstrutura, por outro quer-nos intermunicipalizar para nos dividir. Por outro lado, criou uma super- -AGIF, que ainda não conseguimos entender o que faz ou o que deixa de fazer (entra em funcionamento em janeiro de 2019) e por outro lado há uma Autoridade Nacional de Proteção Civil que anda a navegar. É isto o cenário da proteção civil em Portugal neste momento. Não se sabe quem manda em quem, e este é um problema que os portugueses não se apercebem", declarou Jaime Marta Soares.
Discurso Direto
Duarte Caldeira, ex-presidente da Liga dos Bombeiros
"Há razões para estarem indignados"
Correio da Manhã – É um protesto inédito em Portugal. Os bombeiros sentem-se muito maltratados pelo Governo?
Duarte Caldeira –Os bombeiros têm razões para estarem incomodados e até indignados pela forma como têm sido tratados. Não se pode dispensar em 277 dos 278 concelhos [do continente] esta força de proteção civil, que assegura mais de 85% dos atos de socorro em Portugal. Quem ignora o seu valor está a cometer um sério erro.
–Há volta a dar às medidas de reestruturação?
– A minha posição é de um cidadão que reconhece nos bombeiros uma mais-valia para Portugal e não está de acordo que eles sejam desvalorizados e ignorados.
Depoimentos
Luís Martins, comandante dos Bombeiros de Camarate
"Fomos deixados para trás pelo Governo. Estamos cansados"
"Tem existido muita falta de respeito com os bombeiros, não concordamos com o plano de reforma, por isso mostramos a nossa revolta. Fomos deixados para trás, o que já é prática deste Governo. Estamos cansados, não é isto que queremos."
Ernesto Rebelo, Bombeiros de Estarreja
"Falta comando único e uma carreira digna para voluntários"
"Vim para defender os bombeiros, os interesses dos milhares de homens e mulheres que todos os dias dão tudo pela sociedade e não recebem nada em troca. Falta um comando único para os bombeiros e uma carreira digna para quem os integra."
Bruno Henriques, comandante dos Bombeiros de Vidago
"Incentivos dados pelo Governo são quase insultuosos"
"Concordamos com o que está a ser pedido pela Liga dos Bombeiros. É preciso um cartão social, com incentivos reais. Os que foram dados pelo Governo são quase insultuosos. E tem de existir um comando autónomo para os bombeiros."
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