Contrariando a tese da defesa do jovem acusado de homicídio em segundo grau, o relatório, de 22 páginas, determina que Seabra "tinha a capacidade mental para perceber a natureza e consequências dos seus actos e de saber que os seus actos eram errados".
Mas o advogado de defesa, David Touger, que recebeu o relatório em tribunal das mãos da procuradora encarregada do caso, Maxine Rosenthal, dispõe de outra avaliação que sustenta que o jovem deve ser considerado "não culpado por razões de doença ou distúrbio mental" e mostra-se confiante que esta tese vai prevalecer perante um júri, quando o julgamento arrancar.
"Este relatório significa que vamos a tribunal e que o júri vai decidir esse assunto", disse Touger após uma curta sessão preliminar em que esteve presente Renato Seabra e a sua mãe.
"A nossa defesa vai ser que ele não sabia o que fazia. Que não tinha capacidade mental para saber que o que estava a fazer era errado", adiantou o advogado.
O relatório apresentado pela defesa aponta para "doença ou debilidade mental" como motivo do crime, o que pode mesmo conduzir a uma absolvição e a uma posterior audiência sobre se Seabra está em condições de ser libertado.
A próxima sessão ficou agendada para o próximo dia 9 de Março, e servirá para "discutir inteligentemente a marcação da data do julgamento", nas palavras do juiz Charles Solomon.
O juiz do caso apontou mesmo Abril ou Maio como horizonte para que o julgamento arranque.
Alguns elementos ainda terão de ser facultados à defesa até à audiência, em primeiro lugar os relacionados com o relatório psiquiátrico da acusação, que sustentam a conclusão e os resultados dos exames feitos a Seabra.
Seabra foi interrogado duas vezes pelo psiquiatra contratado pela procuradoria, com recurso a um intérprete, e sujeito a um teste escrito em português.
Touger aguarda ainda que lhes sejam entregues testes de ADN do quarto de hotel, que vão servir para determinar a quem pertencem as amostras de sangue recolhidas no local do crime.
A defesa quer também ter acesso a um vídeo do acusado e da vítima [Carlos Castro] no ‘lobby' do hotel Intercontinental, no dia do crime.
A demora na entrega destes elementos e no arranque do julgamento tem motivado acesas discussões na sala de audiências entre defesa e acusação, levando o juiz a declarar-se "frustrado" com o processo.