Barra Cofina

Correio da Manhã

Portugal
9

Autor de massacre no Centro Ismaili é suspeito de matar a mulher na Grécia

Abdul Bashir não avisou que a mulher ficou na casa em chamas. Vem para Portugal dois anos depois ao abrigo de acordo do Governo.
Tânia Laranjo 1 de Abril de 2023 às 00:00
A carregar o vídeo ...
Autor de massacre no Centro Ismaili é suspeito de matar a mulher na Grécia
Abdul Bashir poderá ter estado envolvido na morte da mulher, mãe dos três filhos, que morreu num incêndio na Grécia. A hipótese ainda está a ser investigada pelas autoridades daquele país, que admitem agora poder estar-se perante um ‘serial killer’. Na terça-feira o refugiado afegão matou duas mulheres no Centro Ismaili de Lisboa, num quadro que poderá ser de crime passional, não se sabendo se já o teria feito uma primeira vez. O incêndio que vitimou a mulher foi no verão de 2019 e quando aconteceu foi o suspeito que salvou os três filhos menores - o mais velho tinha na altura seis anos. Nunca deu o alerta para a presença da mulher na habitação e os bombeiros só se depararam com o cadáver quando conseguiram extinguir as chamas.

Mesmo com a investigação a decorrer, Abdul Bashir veio para o nosso país em outubro de 2021, ao abrigo de um acordo entre o Ministério da Administração Interna e o Ministério de Migração grego. Foi-lhe concedido o estatuto de refugiado, mas Abdul queria mais. Pretendia a ajuda de Farana para conseguir documentos portugueses e queria ainda que a mulher, muçulmana e de 48 anos, se juntasse com ele e o ajudasse a criar os filhos. O homem já está em prisão preventiva e só deverá ser ouvido dentro de duas semanas por um juiz. No despacho entregue ao juiz, o Ministério Público diz que o terrorismo poderá ter sido uma motivação para o ataque no Centro Ismaili.

Uma das hipóteses em cima da mesa é Farana ser o alvo da ira do assassino. O professor de Português, o primeiro a ser atacado, sofreu apenas um corte no pescoço - mas conseguiu pedir ajuda - enquanto Farana e Mariana, atacadas depois, foram várias vezes esfaqueadas. A jovem de 24 anos poderá ter tentado defender Farana, que embora já tivesse alertado os líderes religiosos para o ‘assédio’ que era feito por Abdul, nunca teria pensado que aquele lhe pudesse fazer mal.

Apesar de Bashir estar hospitalizado, o reforço policial no funeral de Farana, que esta sexta-feira se realizou, indicia que as autoridades continuam a temer novos ataques ao centro.

israel presente
O embaixador de Israel foi uma das presenças notadas na cerimónia, tal como representantes da Igreja Católica.

AUTARCA MARCA PRESENÇA
Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, esteve no funeral de Farana. O autarca fez questão de prestar solidariedade à comunidade ismaelita, que reconhece estar assustada com a brutalidade do ataque. Marcelo Rebelo de Sousa tinha estado no dia anterior no centro.

Emoção de amigos
Amigos recordaram a frase que Farana usava regularmente: “Aceito tudo o que o Universo me quer dar, porque o que ele me der, é o que é certo para mim.”

JOVEM CATÓLICA
Mariana, de 24 anos, era católica, mas ajudava os refugiados no centro Ismaelita. O corpo da jovem chegou esta sexta-feira ao cemitério de Belas, onde este sábado vão decorrer as cerimónias fúnebres. Os amigos estavam em lágrimas.
Grécia Farana Abdul Bashir Centro Ismaili de Lisboa Mariana morte terrorismo
Ver comentários
C-Studio