“Afirmaram ser sobrinhos do ex-Presidente Saddam”: Técnica da Câmara recordou chegada dos irmãos iraquianos em Portugal
Advogado de Ammar e Yassir Ameen renunciou a representar acusados de terrorismo. Ammar anunciou que vai iniciar uma greve de fome na cadeia de alta segurança de Monsanto,
Miguel Curado
28 de Setembro de 2023 às 01:30
Ammar e Yassir Ameen chegaram a Portugal em 2017 como refugiados. Os irmãos iraquianos tiveram casa paga e remuneração do Conselho Português de Refugiados (CPR), fixando-se em Paço de Arcos, Oeiras. Uma técnica da autarquia esteve esta quarta-feira em tribunal, como testemunha, no início do julgamento de ambos os acusados por adesão à organização terrorista Daesh, e recordou que diziam “ter posses”. “Afirmaram ser sobrinhos do ex-Presidente [do Iraque] Saddam Hussein”, afirmou.
A responsável vincou as diferenças entre ambos. “O Ammar era conflituoso, desrespeitador com as mulheres. Chegou a dizer-me que gostava de ver como eram feitas as mulheres por dentro. Senti medo”, recordou a técnica. Já Yassir, o mais novo, “sempre foi cooperante”. A primeira sessão do julgamento ficou marcada pela renúncia do advogado dos arguidos. Carreto Ribeiro denunciou o processo como “colateral à cimeira das Lajes” que, em 2003, deu início à invasão do Iraque.
“Os arguidos vão levar 25 anos cada um para Portugal agradar à América. Os dois nunca acederam, por exemplo, aos áudios dos depoimentos de quem os acusa no Iraque”, explicou. O jurista disse que fez quatro queixas contra Portugal em tribunais europeus. Os dois arguidos, por seu turno, foram identificados.
Ammar Ameen anunciou que vai iniciar uma greve de fome na cadeia de alta segurança de Monsanto, onde está preso com o irmão, exigindo escolher advogado.
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