Uma megaoperação da Unidade de Contraterrorismo da Polícia Judiciária no centro do País, e sobretudo na zona de Tomar, com buscas e oito civis detidos, visa esta manhã capturar todos os autores do furto do arsenal de guerra, nos paióis do Exército em Tancos, a 29 de junho de 2017.
Executaram o crime, sabe o CM, em cumplicidade e às ordens de João Paulino, o ex-fuzileiro de 36 anos - já preso entretanto pelo posterior esquema encenado com a PJ Militar de reaparecimento da maior parte do arsenal - que escondeu o material de guerra na propriedade da avó em Portela de Carregueiras, Tomar. Entraram na base militar através de uma vedação que cortaram, transportando depois os explosivos, munições e granadas, em carrinhas, ao longo de 35 quilómetros até à propriedade da avó de João Paulino.
Hoje, para além das detenções, as mais de dez buscas em curso noutras propriedades ligadas aos suspeitos também são determinantes para a PJ tentar recuperar 1450 munições de 9 mm que não foram devolvidas a 18 de outubro de 2017, quando Paulino, articulado com militares da GNR de Albufeira e elementos da PJM, fizeram aparecer a maioria do material no local ermo na zona da Chamusca.
Resolvida a questão da farsa montada entre a cúpula da PJ Militar e elementos da GNR - o que levou, em setembro passado, a oito detenções, nomeadamente do diretor da PJM -, faltava à PJ civil resolver o caso da autoria do furto em si, que ficará arrumado com a operação de hoje.
Recorde-se que, face à pressão mediática do caso, com contornos políticos que já levaram às quedas de um ministro da Defesa e do chefe do Estado Maior do Exército, e à pressão da própria investigação da PJ, João Paulino contactou depois do furto um amigo da GNR de Albufeira, ex-pára-quedista, no sentido de devolver o material para aliviar a pressão, sem ser apanhado.
O militar falou com o chefe direto, na GNR, e este com elementos da PJM - tendo a proposta de encenação chegado ao diretor da PJM, que concordou com a mesma: o objetivo era ficar com os louros da apreensão e impedir a PJ civil de ter sucesso na investigação. Assim, foram à propriedade da avó de Paulino buscar o material, abandonando-o na Chamusca. E, entretanto, um elemento da PJM simulou uma chamada anónima para o piquete da PJM, a partir de uma cabine no Montijo, a dar conta do abandono do arsenal de guerra - telefonema atendido pelo major Vasco Brazão, outro cúmplice da farsa. Foram todos apanhados pela Unidade de Contraterrorismo da PJ e presos.