Domingos Cerqueira, 59 anos, é acusado de ter desviado cerca de 98 mil euros, manipulando os mapas de facturação de pagamento de refeições enquanto foi almoxarife e responsável pela gestão municipal de apoio aos refeitórios escolares.
Segundo a acusação, entre 1990 e 2002, o funcionário recolhia as verbas das escolas, mas não declarava depois todo o dinheiro. Fazia corresponder as guias apenas aos valores que entregava. "Eu sempre confiei nele e nunca detectei nada que me fizesse suspeitar", referiu a então vereadora que chegou a ser acusada pelo MP, mas depois não foi pronunciada para ir a julgamento por falta de provas.
O colectivo de juízes ouviu ontem vários professores responsáveis pelas escolas em questão à altura dos factos. "Passei cheque à ordem da Câmara, mas a vereadora disse para passar no nome dela", disse a assistente social de um jardim-de-infância.
Ernestina Miranda, que cessou funções em 2002, explicou que o dinheiro passava pelas suas contas para "ser financeiramente mais fácil", uma vez que "a tesouraria tinha regras rígidas e só aceitava os cheques, que muitas vezes vinham com atrasos, durante três dias".