A Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) desafiou o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), David Justino, a revelar provas de que há escolas a subir as notas dos alunos para facilitar o acesso ao ensino superior. As acusações foram feitas por David Justino num texto de introdução ao relatório ‘Estado da Educação 2013’.
"Desconheço a existência dessa prática. Mas se o CNE tem conhecimento de dados que permitem chegar a essas conclusões deve comunicá-los ao Ministério e à Inspeção Geral da Educação [IGEC]", afirmou ao CM Manuel Pereira, presidente da ANDE, considerando ser "normal os resultados diferentes na avaliação externa e interna, porque a primeira avalia um momento e a segunda um percurso".
David Justino não revela casos concretos e assenta a sua posição na constatação de que as notas internas são mais elevadas do que as dos exames: "Dado que este padrão tende a reproduzir-se de forma sistemática em todos os exames, teremos de reconhecer que há escolas que sistematicamente inflacionam as classificações dos seus alunos".
O Ministério da Educação e Ciência considerou que a diferença entre avaliações "é natural", pois são "realidades diferentes, que dependem, por exemplo, dos pesos atribuídos pelas escolas aos diferentes critérios de avaliação". O MEC nota que "a componente comportamental" não é avaliada nos exames. A tutela sublinha que "a avaliação externa das escolas" já analisa essas diferenças e garante que a IGEC investigará eventuais denúncias. E revela que o departamento de estatísticas do MEC e o Júri Nacional de Exames estão "a desenvolver uma aplicação que permitirá identificar estatisticamente" situações irregulares (mais informação na pág. 51).