"A minha mãe foi morta pelo meu padrasto mesmo à minha frente quando eu tinha 12 anos. Depois de tudo, no tribunal, pediram-me para me levantar e fazer um desenho a explicar a posição dos dois, da minha mãe e do padrasto. Ao voltar para o meu lugar, reparei que ele estava sentado mesmo atrás de mim."
No final deste relato dramático, recordado uma década depois, a jovem disse não ter sido apoiada nem respeitada em tribunal, como testemunha de um crime.
Esta descrição vai ao encontro da realidade apresentada no relatório do Observatório de Crianças e Direitos, entidade que aponta o dedo ao sistema judicial e à falta de profissionais especializados.
O relatório, que foi conhecido esta terça-feira, no Fórum Picoas, em Lisboa, analisa sete casos em que os direitos das crianças não foram respeitados nem bem interpretados.
PORMENORESJuiz informalDe acordo com o Observatório, o processo de audição das crianças tem vários erros, a começar pelo juiz que deveria estar vestido de forma informal. É importante que as salas não tenham muitas pessoas.
Sorriso mal interpretadoEm todos os casos analisados, as reações das crianças - como os sorrisos – foram mal interpretadas em tribunal.