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Correio da Manhã

Portugal
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Homem que matou duas mulheres no Centro Ismaelita saiu de casa preparado para matar

Abdul Bashir deverá ser levado ao juiz de instrução nos próximos dias para ser interrogado.
Tânia Laranjo e Francisca Laranjo 30 de Março de 2023 às 01:30
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Homem que matou duas mulheres no Centro Ismaelita saiu de casa preparado para matar
Abdul Bashir terá planeado o crime ao pormenor. Foi para a aula de Português no Centro Ismaili, em Lisboa, armado com uma faca de grandes dimensões. Já há alguns dias que mostrava desentendimentos com os voluntários do centro, apresentando cada vez mais uma personalidade perturbada. Tinha a mania de perseguição e dava mostras de agressividade. É pelo menos a convicção dos investigadores que nos últimos dois dias ouviram dezenas de testemunhas.

A explicação para o ato criminoso do refugiado afegão, de 28 anos, que na terça-feira matou duas mulheres e feriu gravemente um homem, ainda não é clara. Não está determinado que telefonema foi recebido momentos antes - há apenas uma testemunha que diz ter visto Abdul ao telefone, mas não conseguiu ouvir o que foi dito - e o suspeito nada avançou para explicar o que aconteceu.



Apesar de não serem ainda conhecidas as motivações, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta quarta-feira que o ataque pode estar ligado ao exercício do poder parental. A única garantia é a de que não foi um atentado terrorista, tal como disse esta quarta-feira o diretor nacional da PJ, Luís Neves, admitindo antes ser resultado de um surto psicótico do agressor. Enquanto a PJ continua no terreno - nos próximos dias o suspeito será levado a juiz para responder pelo menos por dois homicídios consumados e um tentado - a onda de consternação aumenta. A morte de Farana, engenheira informática, de 48 anos, e de Mariana, docente, de 24 anos, deixou em choque todos os que as conheciam e que sabiam da enorme capacidade de ambas para ajudar os refugiados.

“A Farana tinha sempre um sorriso. É assim que a queremos recordar”, diz uma voluntária que trabalha há mais de 10 anos na comunidade ismaelita. “Era no centro que procurávamos paz, mas isso agora acabou”, adianta ao CM. Acrescenta ser imprescindível que os refugiados tenham mais apoios, para evitar situações de rutura psicológica. “Não é só abrir as portas, é preciso ajudar”, referiu. Um familiar de Farana também se emocionou: “Parece um pesadelo. Nunca imaginámos que isto pudesse acontecer em Portugal”, afirmou.



A PJ fez esta quarta-feira buscas no Centro Ismaili e na casa de Bashir, em Odivelas.

TRAVADO COM 4 TIROS

Os dois polícias que, tal como o CM esta quarta-feira noticiou, estavam em serviço remunerado na Loja de Cidadão e, chamados pelo segurança do Centro Ismaili, foram os primeiros a interagir com o homicida, só o conseguiram imobilizar com 4 disparos. Os dois elementos entraram ao serviço na PSP há menos de 6 meses (outubro de 2022).

Talibãs pressionam

Omed Taheri, da comunidade afegã, disse à Renascença que Bashir foi pressionado pelos talibãs a regressar ao Afeganistão, onde a família foi ameaçada.

INSTITUIÇÃO

Os três filhos menores do homicida estão provisoriamente numa instituição, mas mantêm o contacto com a comunidade e as rotinas escolares. Segundo a comunidade, a decisão sobre o seu destino será tomada mais tarde.

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