page view

HOSPEDEIRA E PILOTO LIBERTADOS

O piloto e a hospedeira do avião da Air Luxor - que foi interceptado na Venezuela numa operação policial que resultou na apreensão de 387 quilos de cocaína - receberam ontem ordem de libertação por parte do juiz que preside ao processo. Detidos continuam quatro portugueses, três mulheres e um homem - o co- -piloto da companhia aérea. "O piloto já fez questão de afirmar que não regressa a Portugal sem o colega", revelou ao CM Carlos Pacheco, porta-voz da empresa.

05 de novembro de 2004 às 00:00

A Defesa da tripulação da aeronave da Air Luxor acredita que a libertação do co-piloto, Luís Santos, que se encontra doente, poderá acontecer em breve. "Estamos apenas à espera de documentos que vão chegar de Portugal, talvez na segunda-feira", disse ao CM o advogado António Pinto Pereira, que se encontra em Caracas, capital venezuelana.

De acordo com a agência Lusa, António Pinto Pereira entregou anteontem às autoridades venezuelanas uma série de documentos para serem incluídos no processo da investigação sobre tráfico de drogas. Entre os documentos estão transcrições de diversas chamadas telefónicas entre uma passageira e um outro cidadão em Lisboa, as quais, diz o advogado, confirmam a inocência da tripulação, particularmente do comandante do avião, a quem os interlocutores acusam de "bloquear a operação".

Pinto Pereira disse, na altura, estar certo de que as autoridades venezuelanas iriam confirmar rapidamente a veracidade das transcrições, junto da PGR portuguesa, e arquivar o processo ou ilibar a tripulação de quaisquer acusações.

Mas, segundo a PGR, "não foi efectuado qualquer contacto com a congénere venezuelana".

A assistente de bordo, Cláudia Raquel Neves, deixou a cadeia ao final da tarde de ontem (hora de Lisboa, menos quatro horas na Venezuela) e, em declarações à estação de televisão SIC, agradeceu o empenho da Air Luxor e dos advogados. "Quero que saibam que vão ter sempre um lugar muito especial no meu coração", disse a hospedeira sobre todos os que ajudaram na sua libertação.

Quanto a António Smith, o piloto, as informações não eram muitas. "Já nos fez saber que não tenciona abandonar a Venezuela sem o seu co-piloto", explicou Carlos Pacheco, porta-voz da companhia.

A tripulação da Air Luxor, recorde-se, faz parte de um grupo de seis portugueses detidos a 24 de Outubro no aeroporto de Caracas, na Venezuela, fruto de uma operação policial que conduziu à apreensão de 387 quilos de cocaína pura.

Na sequência dessas detenções, a PJ deteve em Lisboa dois homens suspeitos de pertencerem à mesma rede. Um ex-comandante de aviação civil, de 67 anos, e um motorista, de 26.

CONVERSA 'SALVADORA'

Há uma escuta telefónica, divulgada ontem pela SIC, que alegadamente prova a inocência do comandante do avião. Na conversa, a empresária de Arraiolos detida diz a um suspeito (que fala espanhol) que o piloto mandou retirar as malas, por falta de autorização.

Mulher - Me vou embora e quem queira que as venha buscar... [A empresária passa o telefone ao comandante].

Comandante - As malas...

Suspeito - Vale

- Com as especificações legais...

- Vale. Ok.

- Por isso, eu estou esperando mais um pouquito, se não chegarem aqui com a autorização que se chama manifesto de aduana, que permite o transporte de valores (...) porque é necessário uma autorização.

- Claro. Perfeito.

- O nome é manifesto de aduana.

- Claro. Perfeito.

- Cargo manifesto, com a chancela de aduana.

- Vale. Ok.

- Porque a companhia me disse que se não chegar, as maletas ficarão aqui no aeroporto.

- Vale. Ok.

JÚDICE "CHOCADO" COM AS ESCUTAS

O Bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice, afirmou-se "chocado" com a revelação, feita em Caracas, de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) terá enviado ao advogado da Air Luxor, Pinto Pereira, a transcrição de uma conversa entre uma das mulheres detidas na Venezuela e um homem, que estaria em Portugal.

"Não quero sequer acreditar que o Ministério Público está a passar informações sobre processos de investigação criminal seja para quem for", disse o bastonário da Ordem dos Advogados. Ao CM, fonte da PGR afirmou que, "por não resultar prejuízo para a investigação, e admitindo por essa via contribuir para o esclarecimento da verdade no tocante à responsabilidade do dito comandante, foi enviada a dita transcrição ao advogado".

Além de confirmar que não existiu qualquer contacto com a congénere venezuelana, a fonte da PGR reafirma que é" alheia à divulgação pública da escuta".

Segundo José Miguel Júdice, a Ordem dos Advogados vai averiguar posição de Pinto Pereira na revelação das escutas.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8