O debate instrutório do processo do acidente que vitimou Sara Carreira, em dezembro de 2020, inicia-se esta quinta-feira.
A fadista Cristina Branco, que está acusada, juntamente com o ator Ivo Lucas, de homicídio negligente vai prestar declarações.
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Atualizado a 16 de mar de 2023 | 15:32
Tony Carreira acusa MP de ter "um resumo simplesmente miserável"
Tony Carreira considerou, à saída do tribunal, que o "MP teve um resumo simplesmente miserável" acerca do acidente que vitimou a filha, Sara Carreira.
"Estou aqui simplesmente para ouvir, não venho com sentimento de vingança, só estou aqui para perceber. Devo isso à memória da minha filha. Não vou condenar ninguém, isso quem faz, caso seja o caso, é a justiça".
Leitura da decisão agendada para dia 27 de março
A leitura da decisão ficou agendada para 27 de março, às 14h00.
Advogado de Ivo Lucas culpa Paulo Neves pelo acidente
O advogado de Ivo Lucas afirmou ter "sérias dúvidas" de que "se possa pôr de parte qualquer imputação de crime" a Paulo Neves. "Qualquer pessoa dirá quem conduziu com 1,36 de taxa álcool é que causou tudo", afirmou.
"O nexo causal volta a ser a questão fulcral no processo. Se a Cristina não conseguia evitar o embate, o Ivo também não. Além disso, há um segundo embate depois", acrescentou.
O advogado pediu a não pronúncia do Ivo por homicídio.
Advogada de Paulo Neves defende que se mantém a insuficiência de factos
"Mantém-se a insuficiência de factos de crime de homicídio por negligência", defendeu a advogada de Paulo Neves.
Advogada pede que Cristina Branco não seja pronunciada por homicídio negligente nem pelas contra ordenações
A advogada de Cristina Branco pediu que a fadista não seja pronunciada nem pelo crime, nem pelas contra ordenações.
Defendeu ainda que o Paulo Neves "foi quem provocou o primeiro embate" e que "só a ele pode ser imputado o resultado final que foi a morte da Sara".
Defesa de Cristina Branco alega que fadista "não tem qualquer responsabilidade"
Em relação ao relatório da GNR que indica não existirem marcas de travagem no local, a advogada de Cristina Branco alega que como o "carro tem ABS não fica marca de travagem no alcatrão".
"Ela não tem qualquer espécie de responsabilidade, nada mais podia ter feito", acrescentou.
"Ela não conseguia ajustar a velocidade à deste condutor", defende advogada de Cristina Branco
"O primeiro embate aconteceu porque ia a velocidade abaixo do mínimo. Ela não conseguia ajustar a velocidade à deste condutor", afirmou a advogada da fadista.
Advogada de Cristina Branco considera que a fadista "cumpria todas as normas"
A advogada de Cristina Branco considera que a fadista "cumpria todas as normas". "Circulava a velocidade de trator agrícola [o Paulo Neves]", afirmou.
"A velocidade era imperceptível e não estava sinalizada, não tinha os piscas ligados. O limite mínimo de circulação é para evitar embates. Estava embriagado, passadas quatro horas tinha álcool", acrescentou.
"Foi negligência grosseira do Paulo Neves", considera Magalhães e Silva
Magalhães e Silva acredita que tanto Paulo Neves, como Cristina Branco deviam ter colocado o triângulo no que seria uma "dupla sinalização do acidente".
"Na verdade nenhum colocou o triângulo. Foi negligência grosseira do Neves", acrescentou.
Representante dos pais de Sara insiste na responsabilidade criminal de Paulo Neves
Magalhães e Silva, representante dos pais da Sara Carreira, insiste na responsabilidade criminal de Paulo Neves, afirmando que "homicídio deve ser na forma grosseira e não por negligência". Diz que a conduta de Neves é que foi a causa do acidente.
"Paulo Neves devia assinalar a presença. Estava a 80 metros da fadista. Isso dava uma iluminação pública de perigo de dupla referência. Aumenta a visibilidade do acidente ao Ivo Lucas. Portanto, não é questão de nexo causal, é antes o estado em que se encontrava e a conduta que assumiu", afirmou Magalhães e Silva.
"Desde a velocidade a que seguia e depois a não colocação do triângulo, é isso que está em causa", acrescentou.
MP entende que acusação deve ser mantida
O procurador afirma que Tiago Pacheco e Paulo Neves podem ser acusados de "condução perigosa". O MP entende que a acusação deve ser mantida e os arguidos acusados como lá vem.
"Ivo Lucas não tem nenhuma hipótese de ser excluído deste acidente como principal culpado", considera MP
O procurador alega que a relação entre nexo e causalidade que existe entre a velocidade do Paulo Neves e o embate da Cristina, a principal causa é a velocidade a que seguia Paulo Neves.
"A questão é saber o nexo-causalidade da velocidade de Paulo Neves com a colisão do Ivo Lucas que é o resultado final". Há uma quebra do nexo de causalidade. Mas a Cristina domina o facto que leva ao primeiro embate, velocidade excessiva", disse o procurador em representação do MP.
"O Ivo Lucas não tem nenhuma hipótese de ser excluído deste acidente como principal culpado. A fadista tem quota parte de responsabilidade. Ivo ia a 130 km hora, velocidade que ultrapassa limites. O Ivo não se apercebeu a tempo do carro na via central, uma parede no meio da estrada", acrescentou.
MP mantém acusação de homicídio por negligência e contra ordenações contra Cristina Branco
O procurador afirmou que o "embate pode ter sido motivado" e que "ela [fadista] estava a ligar o Cruise Control".
"Não vejo possibilidade de imputar a ela outro crime diferente. A exegibilidade de colocar triângulo penso que não existe. MP mantém homicídio por negligência e as contra ordenações também", acrecentou.
"Tem de fazer uma condução defensiva", diz procurador em relação a Cristina Branco
O procurador afirmou que os problemas de interpretação começam com a análise das velocidades a que Paulo neves e Cristina Branco conduziam.
"Não vi nas imagens do acidente nenhum carro à frente da Cristina, só o do Paulo Neves. Surge a questão de excesso de velocidade, por não ter conseguido parar o carro antes de bater. Se a velocidade não fosse excessiva conseguia evitar embate. Não esperava um carro a 28 km, mas pode acontecer. Tem de fazer uma condução defensiva, o outro carro pode ter uma avaria. O outro carro era visível a 400 metros, podia ter visto. Mas o piso estava molhado", acrescentou o procurador
Procurador do MP continua com as alegações
"O Paulo Neves tem uma conduta absolutamente incrível. Viajar em auto-estrada a 28 quilómetros hora. Pode provocar um acidente em cadeia brutal. Não chegou a atingir a velocidade mínima para circular na auto estrada. A Cristina resume que conduzia a 108 km hora. Não me parece que ela tenha fugido da realidade. A velocidade diferencial de 80 quilómetros/hora entre os dois veículos foi como se tivesse embatido numa parede", disse o procurador.
Procurador afirma que "problema do nexo de causalidade entre comportamentos e resultados é a questão mais importante"
"MP tem posições sobre isto que poderão ser criticadas. São as posições que vou assumir, extraídas do meu pensamento e da minha consciência neutral", disse o procurador do Ministério Público.
"O problema do nexo de causalidade entre comportamentos e resultados é a questão mais importante", acrescentou.
MP diz que condutas em discussão prevêm crime e contra ordenação
"Ao separar, podia haver decisões diferentes e em caso de condenação por crime isso levaria a abdicar da contra ordenação", afirmou o MP
11:21 | 16/03
Correio da Manhã
Ex-companheiro da fadista relata telefonema de Cristina Branco para o filho
"Mais tarde ela [Cristina Branco] liga para o filho mais velho, que estava comigo, já tinha ocorrido o segundo acidente. Ela mal conseguia falar. Passou o telefone à Margarida, a filha, que também começa a chorar. Só no segundo telefonema percebi que estavam no separador central [e não na berma]", acrescentou o ex-companheiro da fadista.
Testemunha de Cristina Branco fala em tribunal
"A Cristina ligou para mim do telefone da miúda, tudo muito atabalhoado. Disse que tinha acabado de entrar na A1 em Santarém. Tinha sangue no nariz mas estava ok. Foi tudo muito rápido, objetivo era ligar ao 112. Ligo, quando tento descrever o local percebi que já estavam a chamar meios de socorro para o local", disse Nuno Rocha.
Nuno Azevedo Rocha vai prestar declarações
O compositor Nuno Rocha, ex-companheiro da Cristina Branco, vai agora prestar declarações.
11:14 | 16/03
Correio da Manhã
Fadista afirma que carro embateu noutro capotado
"Vi duas luzes vermelhas mesmo à minha frente, antes do acidente, não sei se era de presença ou travões. Há um carro que vai embater no carro que está capotado", afirmou Cristina branco.
11:13 | 16/03
Correio da Manhã
Cristina Branco não colocou o triângulo para sinalizar acidente
"Perante as circunstâncias não consegui sinalizar o acidente. Se fosse colocar triângulo atrás não ia adiantar", adiantou Cristina Branco
11:06 | 16/03
Correio da Manhã
Fadista fala do momento que antecedeu o segundo embate
"O meu carro ficou na via central. Passaram carros de um lado e do outro. Ambas as vias estavam livres. Tenho a certeza que travei. E pus a mão direita no peito da minha filha. A minha percepção é que bati numa parede e o carro gira. O instinto de mãe foi pegar na filha e fugir. Fiquei a protegê-la, jamais a deixaria ali sozinha. Não tenho noção do tempo que passou, pareceram horas até ao embate seguinte.", disse Cristina Branco.
10:54 | 16/03
Correio da Manhã
Fadista Cristina Branco descreve acidente
A fadista Cristina Branco afirmou que não se lembra de uma parte do acidente. "Passei o pórtico da portagem de Santarém e o momento seguinte foi o embate", disse.
"Estou ao telefone com o 112, agarrada à minha filha e ela diz que um carro vai bater. Eu estava com atenção a conduzir, estava a ligar o sistema, vejo umas luzes, travo, acontece o embate. Tinha sangue na cara", afirmou.
10:44 | 16/03
Correio da Manhã
Pais de Sara Carreira chegam ao tribunal
Os pais de Sara Carreira ja se encontram no Tribunal de Santarém.