Duas médicas que começaram esta segunda-feira a ser julgadas pelo Tribunal de Guimarães, acusadas de homicídio por negligência de uma mulher de 37 anos, garantiram ter agido "segundo as regras" perante o quadro clínico que lhes foi apresentado.
A paciente Cristina Silva deu entrada no serviço de urgência do Hospital de Guimarães no dia 29 de agosto, cerca das 22:00 e novamente 12 horas depois, com queixas de cansaço, tosse e expetoração, com sangue.
Foi assistida pelas duas médicas que, sustenta a acusação, "desvalorizaram" os sintomas e os resultados dos exames realizados, pelo que a mulher voltou, a dar entrado naquele serviço já em paragem cardiorrespiratória. Acabou por morrer a 6 de setembro por falência multiorgânica, resultante de um tromboembolismo pulmonar.
A acusação defende que as duas médicas, Maria Correia e Maria Tavares, "agiram de forma descuidada e desconforme ao que lhes era exigido no momento", o que ambas refutam garantindo que perante os sintomas que a vítima descreveu - "nenhuns", defendeu mesmo uma das arguidas - agiram "segundo as regras", embora tenham admitido que "alguma coisa" a mulher teria, pelo que a aconselharam a procurar o médico de família.
"A Cristina deu entrada no hospital às 22:25. Foi-lhe dada uma pulseira amarela [que indica o terceiro grau de urgência numa escala de cinco graus] e eu vi-a duas horas depois. Ela estava cama, aparentemente não apresentava cansaço, não estava ofegante, não tinha dores torácicas, estava assintomática", descreveu Maria Correia, a primeira médica a ser ouvida pelo tribunal.