Ndélé, Norte da República Centro-Africana, era uma cidade sem lei. Durante anos esteve nas mãos do grupo armado FPRC, um dos 14 que mantêm reféns 5 milhões de habitantes do país, através de táticas mafiosas de terror e extorsão. Lugar importante pelos seus mercados e pela exploração de diamantes, estava a ser alvo de disputas entre duas étnicas no grupo armado. A guerra entre goulas e roungas terá feito mais de 100 mortos.
A 29 de abril, o massacre de 30 pessoas num mercado obrigou as Nações Unidas a enviar a elite. A força de paraquedistas portuguesa, da qual fazem parte controladores táticos da Força Aérea, saiu da sua base em Bangui (capital da República Centro-Africana) a 6 de maio para lutar pela paz em Ndélé. Quatro dias para fazer 650 km e no dia 12 já estavam em patrulhas.
Tal como o
CM noticiou este domingo, dia 17 deu-se um confronto armado com membros do FPRC, que fugiram perante o poder de fogo dos portugueses. Dois dias depois, uma patrulha liderada pelos Capacetes Azuis portugueses, mas que incluía ainda paquistaneses e nepaleses, viu estes últimos apanharem um dos ‘senhores da guerra’. Azor Kalite, que se diz general, e 8 guarda-costas vão a um tribunal de crimes de guerra. São goulas, próximos do ex-presidente da RCA, François Bozizé. Foi detido um segundo comandante do grupo armado.
Os militares portugueses regressam nos próximos dias à base em Bangui. A RCA vivia um período de acalmia desde que uma intervenção portuguesa propiciou um acordo de paz, em fevereiro de 2019, com os 14 grupos armados. Terá arriscadas eleições Presidenciais em dezembro.
450 em 15 missões internacionais São 450 os militares portugueses atualmente empenhados em 15 missões internacionais (ver mapa). Os maiores contingentes estão na RCA (180 militares) e no Afeganistão, onde defendem o principal aeroporto de Cabul. A missão no perigoso Mali vai ser reforçada com um avião C295 e 70 militares da Força Aérea.