Conheça os pontos principais no documento elaborado pela comissão técnica independente.
1 / 6
O relatório da comissão técnica independente, tornado público esta quinta-feira, sobre os incêndios que começaram em junho em Pedrógão Grande e Góis, revelam que a ausência de um alerta precoce propiciou o elevado número de mortos.
Além disso, o relatório hoje entregue na Assembleia da República refere também que se deviam ter retirado as pessoas das aldeias atempadamente, que houve falhas no comando dos bombeiros e que um conjunto de fatores climáticos também proporcionou a dimensão daqueles fogos.
A comissão técnica independente criada após, sobretudo, o incêndio que começou a 17 de junho em Pedrógão Grande, que provocou 64 mortos e mais de 200 feridos, foi liderada por João Guerreiro.
Pontos essenciais do relatório:
- A comissão admite que poderiam ter sido tomadas medidas nas primeiras horas do combate ao fogo para evitar consequências mais graves.
- Um alerta precoce poderia ter evitado a maioria das 64 mortes registadas no incêndio. No item intitulado "O que poderia ter sido diferente", lê-se que "esta ausência de alerta precoce, por não ter sido feita a leitura do incêndio às 18:00 (e mesmo antes), não permitiu impedir a maioria das fatalidades".
- Existiram falhas no comando do combate ao fogo e faltaram medidas que "poderiam ter moderado" os seus efeitos. "As medidas que deveriam ter sido tomadas, da responsabilidade do comando, e imediatamente a seguir ao início do incêndio, poderiam ter moderado os efeitos".
- O presidente da comissão técnica excluiu qualquer responsabilidade da GNR em direcionar carros para a Estrada Nacional 236, onde morreram 30 pessoas.
- As "opções táticas e estratégicas" tomadas durante o combate ao incêndio de Pedrógão Grande contribuíram para as "consequências catastróficas" do fogo.
- O incêndio de Pedrógão Grande demonstra que os sistemas de combate "não estão preparados" para enfrentar as alterações climáticas.
- As autoridades não tiveram "a perceção da gravidade potencial do fogo" de Pedrógão Grande, pelo que no combate inicial "não foram mobilizados totalmente os meios que estavam disponíveis".
- O atual comandante operacional nacional da Proteção Civil, Albino Tavares, ordenou, na madrugada de 18 de junho, aos operadores de comunicações para que não registassem mais alertas na fita do tempo do incêndio de Pedrógão Grande.
- A presença excessiva de autoridades e da comunicação social junto do posto de comando operacional (PCO) perturbou o combate ao incêndio, a par de alguma menor experiência no comando.
- O principal problema da gestão de combustível nas áreas devastadas em junho pelo incêndio de Pedrógão Grande foi o incumprimento da legislação para as faixas de rede secundária.
- Os incêndios que começaram em Pedrógão Grande e Góis, em 17 de junho, foram causados, respetivamente, por descargas elétricas mediadas pela rede de distribuição de energia e por um raio.
- O comandante operacional nacional (CONAC) da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) deveria ter tido "uma presença ativa" durante o incêndio de Pedrógão Grande e ter "mantido a avocação" desta operação de socorro.
- Os centros de saúde "não estão preparados nem equipados" para dar resposta a uma tragédia como a ocorrida durante os incêndios de junho na região Centro.
- O SIRESP está "baseado em tecnologia ultrapassada" e "obsoleta", tendo sido "notória a falha" deste sistema de comunicações e das redes móveis.
- Mais de metade das mortes no incêndio que começou em 17 de junho em Pedrógão Grande ocorreu num espaço de tempo de cerca de 15 minutos.
- A ideia de que a maior parte dos incêndios florestais tem origem criminosa é "um mito profusamente difundido pela comunicação social" e "inadvertidamente" aproveitado por alguns políticos, o que contribuiu para uma "desresponsabilização da sociedade".
- O Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios assenta em grande parte no saber empírico, levando a que muitas das decisões tomadas no terreno tenham por base "perceções normalmente questionáveis", necessitando de conhecimento técnico.
- A criação de uma Agência para a Gestão Integrada dos Fogos Rurais, constituída por unidades que atuem "até ao nível regional/distrital", é defendida no relatório da comissão técnica.
- As Forças Armadas (FA) "estão subaproveitadas" e devem ser "devidamente enquadradas" no âmbito do Sistema Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, nomeadamente no apoio logístico às operações de combate, no rescaldo e no patrulhamento.
- É proposta a criação de um programa que promova uma floresta à base de carvalhos, castanheiros e outras folhosas.
- Programa "Portugal sem fogos depende de todos" está desajustado e não tem surtido qualquer efeito.
- A Escola Nacional de Bombeiros, financiada por dinheiros públicos, deve ser transformada numa escola profissional e integrada no sistema educativo nacional.
- Portugal gastou cerca de 6.585 milhões de euros nos últimos 16 anos em incêndios, mas só 410 milhões de euros foram investidos na prevenção.
- Desde 2000, morreram em incêndios florestais 165 pessoas, sendo 2017, com as 64 vítimas mortais de Pedrógão, o mais mortífero desde que há registo.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.