Ontem, longe do olhar do ex--marido com quem viveu oito anos, a mãe da pequena Maria João chorou convulsivamente e recordou o dia em que perdeu a filha. Naquela noite, horas depois de matar a menina, João mandou uma série de mensagens para Rosa, em que insinuava ter feito mal à criança. Desesperada, a mulher saiu da casa a correr. "Quando recebi as mensagens tive a certeza de que algo muito mau tinha acontecido. Naquela altura passou-me tudo pela cabeça. Por momentos achei que ele tinha violado a menina. Por muito más que as hipóteses fossem nunca achei que a matasse. Ainda hoje, não acredito. Recordo tudo e penso que não é verdade, esta história não é minha. Não pode ser", disse Rosa, bastante abalada.
O pesadelo da mãe da pequena Maria João começou ainda antes do divórcio. Durante quase dois anos, João Pinto mandou mensagens insultuosas à ex-mulher, tentou afastar a família de Rosa, ofereceu-lhe dinheiro a troco de sexo e chegou a ameaçá-la de morte. "Logo após sair de casa, ele apareceu no novo apartamento. Eu estava com a menina ao colo e ele só gritava que me ia matar. A Maria João começou a chorar e disse-me: ‘Não quero que tu morras, mãe.’ Fiquei bastante transtornada", contou a mulher.
Rosa acredita ainda que o ex--marido agiu por vingança. "Disse que era um monstro e que ia destruir -me", recordou.
REMEXIA CASA DA EX-MULHER
Mesmo após o divórcio, João Pinto nunca se conformou com a separação. No dia em que assinaram os papéis na conservatória, o homem disse a Rosa que dali a um tempo voltariam a estar juntos. "Disse-me que naquele dia estávamos a divorciar-nos, mas que não ia demorar muito para nos casarmos de novo", contou Rosa.
Durante meses, João pediu a Rosa para o aceitar de novo. Teve outras relações, mas nenhuma delas deu certo porque João dizia que ainda amava a ex-mulher.
O homicida começou a tornar-se obsessivo. Com as chaves do apartamento onde Rosa vivia ainda em sua posse, o homem começou a entrar na casa e a remexer nos pertences da ex-mulher. "Mexeu nos meus recibos e tirou coisas do lugar", disse Rosa.
Ontem, o pai e dois irmãos de João estiveram em tribunal. Os familiares foram notificados como testemunhas do Ministério Público, mas não foram ouvidos.