Ministério Público requereu que o arguido seja declarado inimputável, por, aquando dos atos, padecer de "anomalia psíquica".
O médico psiquiatra que acompanha há quase um ano o homem que confessou ter matado, em 2023, duas mulheres no Centro Ismaili, em Lisboa, afastou esta sexta-feira no julgamento que o arguido tenha simulado sintomas para aparentar ser inimputável.
"Se é um ator, tem de ser um dos melhores atores do mundo", resumiu Tiago Vinhas de Sousa, sustentando que o comportamento de Abdul Bashir no hospital-prisão da Grande Lisboa em que está internado preventivamente e a resposta deste ao tratamento indicam ausência de manipulação.
Questionado pelo tribunal se o homem, de 30 anos, não pode ter antes atuado num quadro de raiva, o clínico insistiu que "não há nada que abale para esse lado, mas sim para o lado da doença mental".
Tiago Vinhas de Sousa acrescentou que, embora atualmente o cidadão afegão já não tenha "sentimentos de paranoia", não tem consciência de que necessita de tratamento nem critica o ataque no Centro Ismaili. "Voltava a fazer o mesmo", concluiu o psiquiatra.
Na primeira sessão do julgamento, em 05 de dezembro de 2024, Abdul Bashir alegou que agiu em legítima defesa e que existia uma conspiração para o matar, o que não é sustentado por qualquer indício no processo.
Na acusação datada de março de 2024, o Ministério Público requereu que o arguido seja declarado inimputável, por, aquando dos atos, padecer de "anomalia psíquica", mas, na sessão anterior do julgamento, dois peritos do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses divergiram quanto ao diagnóstico.
O cidadão afegão está acusado de dois crimes de homicídio agravado, seis de homicídio agravado na forma tentada, dois de resistência e coação sobre funcionário e um de posse de arma proibida. As vítimas mortais no ataque de 28 de março de 2023 foram duas mulheres portuguesas, de 24 e 49 anos, que trabalhavam no serviço de apoio aos refugiados do Centro Ismaili.
O julgamento prossegue às 14h00 no Tribunal Central Criminal de Lisboa, com as alegações finais do Ministério Público, dos mandatários das famílias das vítimas e da defesa do arguido.
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