Em declarações aos jornalistas no final de uma conferência que decorreu esta quinta-feira à noite no Porto, o ex-Presidente da República afirmou ter memórias "terríveis" da queda da Ponte Hintze Ribeiro, tendo recordado que chegou ao local no segundo dia, onde permaneceu toda a jornada.
"Nunca mais me posso esquecer do que foi o sofrimento, a gravidade das coisas, a tristeza, um povo inteiro junto ao rio, o rio a passar com uma velocidade extraordinária", disse à Lusa.
Considerando que foi um acontecimento que "marcou muito" o seu mandato, Jorge Sampaio salientou a importância do apoio psicológico dado aos familiares que perderam as 59 pessoas que morreram com a queda da ponte.
"Não poderei esquecer o que eram as caras das pessoas que ficaram sem os seus entes queridos e nós percebíamos, no fundo, apesar dos esforços, que a velocidade daquela corrente era de tal ordem que algumas pessoas nunca mais seriam encontradas, embora tivéssemos feito tudo que era possível", relembrou.
Questionado pelos jornalistas sobre se considera que após a tragédia foi tudo tratado como deveria ter sido, o ex-chefe de Estado afirmou que a "controvérsia nunca morrerá numa matéria" como esta.
"Em direito, a questão da causalidade, o que é que causa o quê, é das coisas mais difíceis, que se estuda durante vários anos na faculdade. Nunca se saberá ao certo. O pior é que as pessoas desapareceram. Isso é que é a tragédia que é preciso ter bem presente", defendeu.