Meninas entregues ao pai agressor após mentiras de técnicas da Segurança Social
Homem com cadastro por violência doméstica vai ser julgado por maus-tratos contra as filhas menores.
Magali Pinto
30 de Março de 2023 às 01:30
A.M. viveu seis anos num autêntico pesadelo. Em 2015 viu as filhas menores, à data com 2 e 3 anos, serem-lhe retiradas com base em informações incorretas de duas técnicas da Segurança Social. As meninas foram entregues ao pai, que viria a ser condenado, em Cascais, um ano depois por violência doméstica contra A. M. Mesmo com esta sentença, as crianças continuaram com o agressor, que a partir de 2017 começou a bater também nas filhas. Os maus-tratos duraram até 2021, quando as meninas voltaram para casa da mãe. O pai das crianças e a sua mãe – avó das vítimas – foram agora acusados pelo Ministério Público.
O pai está acusado por dois crimes de violência doméstica. A avó responde por ofensas à integridade física. “No período em que estiveram à guarda e cuidados do arguido, quando as filhas tomavam algum comportamento que lhe desagradava recorria a castigos físicos, tendo, por diversas vezes, desferido, em ambas, pancadas com as mãos abertas na face, na cabeça, nas pernas e no rabo”, refere a acusação a que o CM teve acesso. Também a avó das crianças, segundo o Ministério Público, desferia palmadas nas netas. Gameiro Fernandes, advogado de A.M., refere que “é lamentável que algumas técnicas da Segurança Social, que têm obrigação de zelar pelo bem-estar das crianças, contribuam em muitos casos para as lançar nas mãos de agressores”.
PORMENORES
TÉCNICAS MENTEM
Duas técnicas da Segurança Social mentiram nos relatórios enviados ao Tribunal de Cascais, que foram determinantes para a retirada das crianças. Ambas estão a ser julgadas por falsidade de depoimento e denegação de justiça.
MÃE PEDE 600 MIL EUROS
A.M. não consegue perdoar as duas técnicas que lhe retiraram as filhas. Em tribunal pede 600 mil euros, que podem vir a ser pagos pela Segurança Social. As duas funcionárias continuam no ativo. Conhecem a decisão em abril.
Ver comentários