Um homem de 26 anos, contratado pela Câmara Municipal de Loures (CML) ao abrigo de um acordo com uma associação para servir de tutor à integração escolar de crianças de minorias étnicas, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) por indícios de abusos sexuais a, pelo menos, uma dezena de crianças, todos rapazes, entre os 7 e os 9 anos. Os crimes foram praticados este ano, na escola básica do concelho onde o predador estava colocado.
Fonte oficial da Câmara de Loures disse ao
CM que "este programa coloca à disposição dos agrupamentos escolares do concelho técnicos, pagos pela associação, para ajudar na integração". Há pelo menos cinco profissionais desta natureza em várias escolas do concelho. Fazem o acompanhamento escolar, fomentam a integração e intervêm em eventuais desordens causadas pelos menores.
O suspeito começou a trabalhar no início do ano letivo, mas os abusos só terão tido início em janeiro de 2023. Com autorização para andar pelas zonas de uso comum da escola, o predador sexual atacou as vítimas principalmente nas casas de banho. Tocou nos órgãos sexuais de alguns menores, além conversas impróprias que tinha com as crianças.
Só há cerca de duas semanas é que a direção da escola, após ter sido abordada com denúncias de pais de vítimas, fez queixa à PJ de Lisboa.
Pressionada pela iminência da continuação da atividade criminosa, a secção de crimes sexuais da PJ de Lisboa avançou de imediato com a recolha de depoimentos para memória futura das vítimas e respetivos encarregados de educação. Foi possível, desta forma, identificar logo quatro alunos alvo de abusos por parte do tutor.
Na sexta-feira, o Ministério Público emitiu mandados de captura e busca contra o suspeito, que foi apanhado em casa. Presente ao Tribunal de Loures no mesmo dia, recolheu em prisão preventiva.
Sabe o
CM que os inspetores da secção de crimes sexuais da PJ de Lisboa já conseguiram recolher provas que envolvem o suspeito na prática de abusos sexuais contra mais seis vítimas, totalizando dez. A investigação prossegue, admitindo-se a existência de mais menores atacados.
A Câmara de Loures disse ao
CM "ter ficado alarmada após o agrupamento escolar ter informado sobre este caso".
PORMENORES Mais zonas sensíveis O superintendente-chefe Paulo Jorge Pereira é o comandante do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, que tutela o trabalho da divisão policial de Loures. É na área vigiada pelos efetivos colocados nesta unidade que está situado o maior número de zonas urbanas sensíveis do território nacional.
Associação remuneraFonte oficial da Câmara de Loures garantiu ao
CM que o tutor detido e os colegas "são todos remunerados pela associação que rubricou o acordo com a câmara".
Agrava medidas Depois de saber que familiares do homem detido pela Polícia Judiciária tinham ido, na sexta-feira, à escola onde este trabalhava para ameaçar a direção e os professores, a juíza que o interrogou agravou as medidas de coação. Assim, todas as pessoas próximas do suspeito estão impedidas de contactarem vítimas, familiares e professores da escola.