200 marcharam pelos direitos gay
Contra a discriminação e o conservadorismo, gays, lésbicas, bissexuais e transgéneros desfilaram pela primeira vez na cidade dos arcebispos.
Longe da extravagância e da exuberância das paradas gay das grandes capitais mundiais, duas centenas de homossexuais marcharam, ontem à tarde, pelos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros), na "Roma portuguesa". Apesar de ser conservadora e muito religiosa, a cidade de Braga viu passar, sem revolta, a marcha "por um Minho transparente, mas não invisível".
De cartazes erguidos e bandeiras no ar, gritando "eu amo quem quiser, seja homem ou mulher" e "onde estão, não se vê, os direitos LGBT", o grupo partiu do Arco da Porta Nova com os olhos postos na Sé de Braga.
Gargantas afinadas e slogans bem estudados, os homossexuais fizeram questão de parar em frente à Catedral, onde aconteceu o momento mais quente da marcha. Uma cidadã norte-americana, empunhando um livro de cariz religioso, enfrentou os marchantes, que optaram por ignorar os seus gritos.
Carlos Marinho, um dos organizadores, preferiu sublinhar a "adesão surpreendente". "É reconfortante ver a enorme adesão a esta marcha", referiu o organizador, frisando que o evento serviu para dar voz aos que a não têm.
"Não é por nós que aqui estamos, mas por todos aqueles que continuam a ser vítimas do insulto, da discriminação e do ostracismo, pelos que gostavam de ter vindo e lhes faltou a coragem", realçou.
Foi essa vontade de lutar contra a discriminação que levou Bruno Rodrigues a viajar de Sintra, onde vive, até Braga, cidade onde nasceu há 35 anos.
"Fui várias vezes olhado com desdém e muitas vezes insultado", referiu. Já Helena Costa, que viajou de Guimarães, mostrava um cartaz onde se podia ler "Estou bem com a vida, sou lésbica assumida", participou na marcha para reivindicar direitos iguais.
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