Refugiados: aumenta pedido de asilo de crianças
Menores em fuga da guerra chegam a Portugal sem os pais.
Têm idade para estarem a aprender as primeiras letras nos bancos da escola, mas acabam arrastados pela guerra para um mundo violento. Muitas crianças refugiadas chegam desamparadas à Europa, sem a proteção da família. Sós e expostas a todo o tipo de riscos. Só em 2015, Portugal recebeu 50 pedidos de asilo de menores nestas condições. Este ano, já são dois.
"Chegam a Portugal crianças sem a companhia dos pais, com seis e sete anos de idade", explica ao CM Teresa Tito Morais, presidente do Conselho Português Para os Refugiados, reconhecendo que o problema se vai agravando. "Há cerca de cinco anos havia, em média, sete a dez pedidos de asilo de menores não acompanhados, por ano. No ano passado, foram registados meia centena de pedidos. E, no mês de janeiro, dois".
Não bastando todos os horrores a que são expostas, durante a fuga dos países de origem, acabam por sofrer mais um duro golpe emocional. Teresa Tito Morais sublinha que, por estarem fragilizadas, precisam de acompanhamento psicológico "para rapidamente se sentirem em casa". O Mali é o país mais representativo neste fenómeno, mas também há menores sozinhos provenientes do Paquistão e da Guiné Conacri.
A situação é preocupante e ganha novo fôlego com a recente denúncia da Europol: dez mil crianças que procuravam abrigo na Europa desapareceram, nos últimos dois anos. Muitas podem estar presas nas malhas de redes de tráfico humano e exploração sexual.
Teresa Tito Morais refere que, dos menores que chegaram a Portugal, não tem conhecimento de casos de crianças desaparecidas. "A solução para o problema é difícil. A realidade do tráfico está a aumentar de maneira feroz através da exploração dos refugiados. Muitas das vezes, as crianças são trazidas pelas redes para a Europa e ficam sujeitas a estas sob a pena de as famílias sofrerem retaliações", alerta.
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