Tetraplégico protesta em gaiola junto ao Parlamento e apela a Marcelo e Costa
Eduardo Jorge está em gaiola junto ao parlamento para simbolizar vida reclusiva de pessoas deficientes.
Um homem tetraplégico com 90% de incapacidade está desde ontem em protesto numa espécie de gaiola junto à Assembleia da República (Lisboa), para defender o direito dos deficientes a uma vida independente. Eduardo Jorge convocou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, para o irem apoiar nas tarefas diárias.
As pessoas com deficiência pedem um reforço no financiamento à contratação de assistentes pessoais para as tarefas diárias. "O Estado atribui aos lares residenciais 1027 euros por mês por utente e para nós contratarmos assistentes só dá 93 euros. É ridículo. Sentimo-nos presos pois somos obrigados a ir para lares onde somos apenas números", afirmou Eduardo Jorge, que criou uma escala para governantes irem cuidar dele.
"Hoje [sábado], propus que fosse o Presidente da República a tratar de mim. Este domingo é a vez do primeiro-ministro e na segunda-feira do ministro da Solidariedade, Vieira da Silva. Era para que vissem as dificuldades que temos". O diploma que define o Modelo de Vida Independente foi criado em 2017 mas não chegou ao terreno – foram só assinados contratos de financiamento para Centros de Apoio à Vida Independente.
"Agradeço ao Eduardo por dar o corpo por nós"
u "O Eduardo é o reflexo do que passa qualquer um de nós que não tem apoio nas atividades da vida diária", disse ao CM Diana Santos, do Centro de Vida Independente, frisando: "Agradeço ao Eduardo por dar o corpo por nós. É uma vergonha que o Governo permita que isto aconteça."
Recusa comer enquanto governantes faltarem
Eduardo diz que não vai comer nada porque os governantes que convocou e não compareceram é que lhe deveriam ter servido as refeições. Mas diz que não está em greve de fome. O cidadão contou ontem com o apoio de dirigentes de associações de pessoas com deficiência.
PORMENORES
Tarefas dos governantes
Eduardo Jorge elencou tarefas que Marcelo e Costa tinham de cumprir, como "realizar-me a higiene íntima" ou "despejar o saco coletor de urina".
Outros protestos
Este cidadão já esteve noutras ações de protesto como uma greve de fome, em 2013, e uma viagem em cadeira de rodas por três dias, em 2014.
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