Médicos ameaçam com greve

"O Ministério da Saúde parece querer empurrar os médicos para uma greve que não desejam". A convicção é dos sindicatos dos médicos, após nova ronda negocial, esta quarta-feira, com a tutela.

Os médicos afirmam estar "desapontados" com a ausência respostas do executivo e mantêm a ameaça de greve. A paralisação, que vai ser discutida na próxima semana, deverá ficar agendada para o próximo mês.

"Iremos reunir no sentido de aprofundar as formas de combate", adiantou o secretário - geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, no final da reunião com a ministra da Saúde, Marta Temido, que durou cerca de três horas.

Os médicos reivindicam a atualização das grelhas salariais e a redução do trabalho em serviço de urgência de 18 para 12 horas.

"Muito provavelmente no mês de maio será necessário um endurecimento da nossa posição, que não desejamos", dado que "a preocupação" é causar o menor dano possível aos portugueses [...] que estão em longuíssimas listas de espera para consultas e cirurgias", diz Roque da Cunha.

Nova reunião está agendada para maio. Antes, a tutela ficou de "dar sinais objetivos de que algumas das preocupações seriam ultrapassadas", adiantam os sindicatos dos médicos.

A ministra da Saúde também é alvo de críticas por parte dos enfermeiros, que se queixam de discriminação e falta de respostas. Hoje há uma reunião entre os enfermeiros e representantes da Saúde e das Finanças.

Descida do IVA degradou SNS

O antigo Presidente da República, Cavaco Silva, atribuiu ontem a responsabilidade da degradação do Serviço Nacional de Saúde ao atual Governo, com a descida do IVA da restauração.

"O benefício concedido ao setor da restauração está a ser pago pelos utentes do SNS sob forma de degradação da qualidade dos serviços que lhes são prestados, utentes que não dispõem de rendimentos para recorrer aos privados", justificou.