Funcionários públicos pressionam Governo
Auxiliares de ação médica e assistentes operacionais em greve deste esta quinta-feira.
Depois de uma semana marcada por greves na Justiça, cuja adesão esmagadora - nas contas dos sindicatos, moveram quase a totalidade dos funcionários judiciais e magistrados do Ministério Público - motivou o fecho de vários tribunais, o coro de protesto da Função Pública ecoa na Saúde.
Mas os efeitos do protesto na Saúde - quando faltam pouco mais de três meses para eleições Legislativas - começam a fazer sentir-se durante o dia desta sexta-feira.
Auxiliares de ação médica e assistentes operacionais são os primeiros a parar. Em greve desde a meia-noite, os trabalhadores representados pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores Públicas e Sociais exigem "aumentos de salários, carreiras dignas, respeito pela contratação coletiva e a admissão de novos efetivos", explicam em nota.
Depois, seguem-se os médicos. Na base da paralisação, a exigida contratação pública, de forma a evitar que a classe "saia para os privados e para o estrangeiro, depauperando o Serviço Nacional de Saúde", afirma ao Correio da Manhã Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
A paralisação está marcada para os dias 2 e 3 de julho. A greve geral dos enfermeiros dura quatro dias, estendendo-se até sexta-feira, dia 5.
200 trabalhadores do Fisco exigem revisão das carreiras
Cerca de 200 funcionários da Autoridade Tributária e Aduaneira manifestaram-se ontem junto ao Ministério das Finanças para exigirem uma revisão nas carreiras. Nuno Barroso, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Inspeção Tributária e Aduaneira (APIT), entregou um documento com várias propostas no Ministério das Finanças.
"Não houve recetividade nenhuma às nossas propostas. O Governo fez promessas de resolver em breve [os problemas levantados], mas há funcionários há mais de dez anos parados na carreira", afirmou o dirigente sindical.
Segundo a mesma associação, 80% dos funcionários aderiram à greve de ontem, mas devido à falta de entendimento com o Governo prometem continuar o protesto.
Esta semana, a associação sindical esteve reunida com o Governo para negociar a revisão das carreiras especiais da Autoridade Tributária, mas, sem acordo, decidiu manter a paralisação.
A APIT considera que o anteprojeto de decreto-lei que estabelece a revisão das carreiras especiais da AT, apresentado pelo Executivo, persiste nos "mesmos erros e omissões" e reduz o Fisco a uma versão "low-cost", em que o esforço e o trabalho dos profissionais "perde força legal por passarem a ser regidos por um enquadramento legal de carreiras extremamente prejudicial".
"Só 300 lugares repostos"
Roque da Cunha, Sind. Independente dos Médicos (SIM)
CM – É urgente apostar na contratação de profissionais para o Serviço Nacional de Saúde?
Roque da Cunha – Sim. Nos últimos dez anos, houve 1800 médicos seniores que se reformaram e desses só 300 lugares foram repostos. É necessário partir para a realização de concursos públicos para a contratação, não só de recém-especialistas, mas também de médicos seniores.
– De que forma evoluiu o investimento público na área da Saúde?
– Ainda é menor do que na era da Troika. Exigimos a inversão do ciclo de menor investimento de sempre na saúde. É importante que se note que temos a maior carga fiscal e a maior dívida pública de sempre.
PORMENORES
Contratação pela metade
O Governo contratou menos de metade dos técnicos de diagnósticos e terapêutica que seriam necessários para suprir a passagem às 35 horas de trabalho semanais, estima o sindicato do setor.
Greve na Medicina Legal
De acordo com as contas da FNAM, a paralisação de dois dias dos médicos do quadro do Ministério da Justiça, do Instituto de Medicina Legal, que terminou ontem, fechou 24 gabinetes médico-legais - só um, no Funchal, funcionou. Nas delegação, a adesão foi de 95%.
Novas ordens aprovadas
A comissão parlamentar de Trabalho aprovou ontem, na especialidade, a criação da Ordem dos Fisioterapeutas e da Ordem dos Assistentes Sociais.
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