Adolescentes admitem uso excessivo das redes sociais
OCDE revela que Portugal lidera na lista de países que apontam um consumo elevado de comunicações online.
O mais recente relatório da OCDE sobre o recurso às redes sociais na adolescência revela que o online têm uma influência significativa no seu quotidiano e desenvolvimento. E sublinha que a rápida digitalização da sociedade tem na população mais jovem os principais destinatários.
Revela o relatório que os jovens portugueses estão no topo do tempo que passam nas redes sociais e que reconhecem ser excessivo: 52% está consciente dessa tendência, com as raparigas a terem uma maior perceção da realidade (55% admite excessos). No sexo masculino, o uso excessivo das comunicações online é admitido por 48%.
Uso das redes sociais pelos adolescentes
Para o psicólogo Paulo Sargento o uso excessivo das redes sociais torna os jovens "desajeitados do ponto de vista motor", o que os leva a desenvolverem "miopia, obesidade e diabetes". Entende, por isso, que os pais têm de encontrar estratégias para afastar "os jovens dos ecrãs e colocá-los mais tempo ao ar livre". E aponta sinais de alerta para o uso patológico das novas tecnologias como "passar mais de duas horas por dia com o telemóvel". Caso fiquem irritados quando não têm rede em determinados locais, então, esse, é também, um importante sinal de alarme.
O psicólogo sublinha, contudo, que "as novas tecnologias são o futuro e os jovens têm necessidade permanente do contacto com este instrumento".
"Como é a vida dos mais novos na era digital?" é o nome do relatório elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) junto dos países-membros. Uma das conclusões refere que "os adolescentes de hoje estão a crescer numa era de rápida digitalização, que influencia significativamente o seu desenvolvimento e vida diária".
Nas economias mais desenvolvidas, o recurso à Internet está amplamente generalizado junto dos mais novos. Indica o trabalho que por volta dos "dez anos de idade, 93% tinham uma ligação à Internet em 2021", de acordo com dados dos Estudos de Progresso na Alfabetização Internacional, comparado com 85% na década anterior". Em Portugal esse valor é hoje na ordem dos 98%.
Além das "oportunidades", a OCDE analisa, também, "os riscos associados ao crescente envolvimento das crianças no mundo digital". Numa análise do ciberbullying, os dados indicam que entre 2017 e 2021 o recurso ao digital para a prática de atos violentos cresceu 16%, em média, no conjunto dos 31 países que participaram no estudo. A Lituânia apresenta o maior crescimento, enquanto que em Portugal é referido um dos valores mais baixos: 9%.
De acordo com a OCDE há, por isso, "a necessidade de uma abordagem política multissetorial que envolva toda a sociedade: prestadores de serviços digitais, profissionais de saúde, educadores, especialistas, pais e crianças, de forma a proteger, capacitar e apoiar as crianças, melhorando o seu bem-estar".
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