Adolescentes admitem uso excessivo das redes sociais

OCDE revela que Portugal lidera na lista de países que apontam um consumo elevado de comunicações online.

26 de junho de 2025 às 01:30
Adolescentes portuguesas reconhecem uso excessivo de redes sociais Foto: Getty Images / iStockphoto
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O mais recente relatório da OCDE sobre o recurso às redes sociais na adolescência revela que o online têm uma influência significativa no seu quotidiano e desenvolvimento. E sublinha que a rápida digitalização da sociedade tem na população mais jovem os principais destinatários.

Revela o relatório que os jovens portugueses estão no topo do tempo que passam nas redes sociais e que reconhecem ser excessivo: 52% está consciente dessa tendência, com as raparigas a terem uma maior perceção da realidade (55% admite excessos). No sexo masculino, o uso excessivo das comunicações online é admitido por 48%.

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Uso das redes sociais pelos adolescentes

Para o psicólogo Paulo Sargento o uso excessivo das redes sociais torna os jovens "desajeitados do ponto de vista motor", o que os leva a desenvolverem "miopia, obesidade e diabetes". Entende, por isso, que os pais têm de encontrar estratégias para afastar "os jovens dos ecrãs e colocá-los mais tempo ao ar livre". E aponta sinais de alerta para o uso patológico das novas tecnologias como "passar mais de duas horas por dia com o telemóvel". Caso fiquem irritados quando não têm rede em determinados locais, então, esse, é também, um importante sinal de alarme.

O psicólogo sublinha, contudo, que "as novas tecnologias são o futuro e os jovens têm necessidade permanente do contacto com este instrumento".

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"Como é a vida dos mais novos na era digital?" é o nome do relatório elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) junto dos países-membros. Uma das conclusões refere que "os adolescentes de hoje estão a crescer numa era de rápida digitalização, que influencia significativamente o seu desenvolvimento e vida diária".

Nas economias mais desenvolvidas, o recurso à Internet está amplamente generalizado junto dos mais novos. Indica o trabalho que por volta dos "dez anos de idade, 93% tinham uma ligação à Internet em 2021", de acordo com dados dos Estudos de Progresso na Alfabetização Internacional, comparado com 85% na década anterior". Em Portugal esse valor é hoje na ordem dos 98%.

Além das "oportunidades", a OCDE analisa, também, "os riscos associados ao crescente envolvimento das crianças no mundo digital". Numa análise do ciberbullying, os dados indicam que entre 2017 e 2021 o recurso ao digital para a prática de atos violentos cresceu 16%, em média, no conjunto dos 31 países que participaram no estudo.  A Lituânia apresenta o maior crescimento, enquanto que em Portugal é referido um dos valores mais baixos: 9%.

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De acordo com a OCDE há, por isso, "a necessidade de uma abordagem política multissetorial que envolva toda a sociedade: prestadores de serviços digitais, profissionais de saúde, educadores, especialistas, pais e crianças, de forma a proteger, capacitar e apoiar as crianças, melhorando o seu bem-estar".