Bota chã fascina turistas
Deixou de calçar madeirenses.
A bota chã, também chamada bota de vilão, calçou durante décadas o povo madeirense, mas atualmente é usada apenas nos grupos folclóricos e são raros os artesãos que ainda a fabricam, embora sejam inúmeros os turistas que a admiram.
"O madeirense não compra isto. O madeirense gosta muito, acha muito bonitinho, mas não compra. Lamentavelmente, é um calçado que já não é usado pelos madeirenses", disse à agência Lusa Carlos Vieira, proprietário da 'Bota Chã - Fabricação de Calçado', uma pequena fábrica na vila da Ribeira Brava, zona oeste da Madeira, onde as botas de vilão são o emblema e a fonte de inspiração.
Tradicionalmente confecionada com pele de cabra e sola em pele de vaca, a bota chã apresenta dois modelos: masculino e feminino. O que distingue o modelo feminino é uma tira de marroquim vermelho à volta do cano.
A finalidade da bota chã foi sempre a de proporcionar uma mera proteção para o pé. Nunca foi calçado destinado ao trabalho duro do povo. Para isso, existia a bota de campo, também confecionada na Ribeira Brava, muito mais resistente e, em tempos, feita com sola de pneu.
"Isto tem um grande problema para quem vende: é uma bota que não tem fim", advertiu Carlos Vieira, lembrando que os carreiros do Monte (condutores dos famosos carros de cesto) ainda as usam como peça da farda.
Quanto à bota chã, mais fina e delicada, incontornável no que toca ao traje típico madeirense, é hoje uma peça quase exclusiva dos grupos folclóricos e das floristas do Funchal.
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