Centenas de sismos registados esta noite na ilha de São Miguel

Pelo menos 20 abalos sísmicos foram sentidos pela população.

12 de fevereiro de 2018 às 06:54
Lagoa do Fogo, São Miguel, Açores Foto: Getty Images
Lagoa das Sete Cidades, na ilha de São Miguel Foto: Álvaro Miranda
Sismo xxx Foto: Getty Images
Sismo xxx Foto: Getty Images
Sismo, tremor de terra, escala de richter Foto: Getty Images

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Centenas de sismos ocorreram na última noite e esta manhã na ilha de São Miguel, nos Açores, e 20 deles foram sentidos pela população, informou esta segunda-feira o responsável regional pela Proteção Civil, salientando que a frequência sísmica diminuiu ligeiramente.

De acordo com o Tenente Coronel Carlos Neves, presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), todas as entidades de proteção civil encontram-se prontas a agir, em caso de necessidade.

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"Esta atividade começou pelas 24h00, estendeu-se ao longo da noite e manhã. Ocorreram centenas de sismos de baixa intensidade e magnitude, dos quais 20 foram sentidos pela população. Esta situação continua a manter-se, embora tenha baixado ligeiramente de frequência", afirmou o responsável numa conferência de imprensa na sede do organismo, em Angra do Heroísmo, ilha Terceira.

"Podemos dizer que em São Miguel, nas povoações entre Água de Pau e a Povoação, a sul da ilha de São Miguel, foi onde sentiram mais os sismos, e a norte, entre Rabo de Peixe e Fenais da Ajuda", acrescentou.

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O SRPCBA e o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) farão uma nova atualização de dados sobre a atividade sísmica às 15h00 ou antes, caso se justifique.

Entre as medidas de segurança a adotar pela população, o SRPCBA aconselha a que seja mantida a calma, que não seja provocado fogo, devido a possíveis fugas de gás, que sejam desligados os circuitos de gás, eletricidade e água, caso haja suspeita de que se encontram danificados, que não sejam utilizados elevadores, cuidado com vidros partidos ou cabos de eletricidade e afastamento das praias.

De acordo com a informação recolhida pelo CIVISA, foram sentidos até cerca das 08h00 de hoje pelo menos 17 eventos, o mais forte dos quais ocorreu às 06h18 (hora local) e foi sentido com intensidade máxima de V na escala de Mercalli Modificada.

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O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) registou às 07h17 (hora local) nas estações da Rede Sísmica do arquipélago dos Açores, um sismo de magnitude 3,6 na escala de Richter com epicentro localizado a cerca de seis quilómetros a Sul-Sudeste de São Brás, em São Miguel.

População assustada

Contactada pela agência Lusa, uma fonte do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores disse que os serviços receberam alguns pedidos de informação sobre os abalos, mas "sem alarmismos, porque esta situação não é nova para os açorianos".

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A mesma fonte adiantou que o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores está a acompanhar a situação, encontrando-se de prevenção.

Atividade sismica deverá manter-se durante o dia

"A manter-se o padrão sismológico que se tem vindo a registar desde a madrugada é provável que tenhamos novos sismos sentidos pela população", disse João Luis Gaspar em declarações à agência Lusa.

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De acordo com o responsável este tipo de "crises sísmicas é normal", recordando que na ilha de São Miguel ocorreu um episódio "acima do normal" registado em 2005 que "durou algum tempo", acrescentando tratar-se de uma zona em que, regra geral, há atividade sísmica ao longo de todo o ano.

"Neste caso, esta atividade está mais concentrada no tempo e espaço. Vamos ter de acompanhar nas próximas horas mas, é muito provável, face no padrão que temos vindo a observar, que esta atividade se venha a manter ao longo do dia", avançou.

Crise sísmica deve-se à interação entre sistemas vulcânicos e tectónicos

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"Os Açores são alvo de crises sísmicas com alguma regularidade e que são semelhantes às que estão a ocorrer hoje. Na origem desta crise sísmica está a interação entre os sistemas vulcânicos e os sistemas tectónicos da ilha.

De acordo com o presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), as ilhas dos Açores estão localizadas numa zona particularmente ativas.

"É uma fronteira de placa reconhecida e tem uma velocidade de extensão entre os 4 e os 5 milímetros por ano. Todos os anos existe um bocadinho mais de extensão, o que leva a uma interação entre os sistemas vulcânicos e tectónicos que dão origem a uma libertação de energia sobre a forma de pequenos sismos, que podem não ser pequenos", disse.

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Miguel Miranda explicou que a região do Congro é das regiões mais ativas dos Açores e a mais ativa de São Miguel.

"Existem condições do ponto de vista geológico que conduzem a este tipo de situações. No IPMA fazemos a vigilância sismológica e os nossos colegas da Universidade dos Açores fazem a vigilância geoquímica e cronológica. Só quando pudermos juntar todos os dados de um lado e do outro é que vamos ter uma avaliação mais realista do que se está a passar. Estamos todos em contacto e a trabalhar", sublinhou.

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