Comerciantes de pescado dos Açores querem ser compensados pelas áreas marinhas protegidas

Reivindicação foi feita por Pedro Melo, da ACPA, na comissão de Economia do parlamento dos Açores.

23 de setembro de 2025 às 15:03
Pesca Foto: Nuno Alfarrobinha/Correio da Manhã
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A Associação dos Comerciantes de Pescado dos Açores (ACPA) defendeu esta terça-feira, numa audição no parlamento regional, a inclusão do setor na compensação financeira por eventuais quebras nas capturas resultantes da Rede de Áreas Marinhas Protegidas dos Açores (RAMPA).

A reivindicação foi feita por Pedro Melo, da ACPA, na comissão de Economia do parlamento dos Açores, no âmbito da discussão do diploma apresentado pelo deputado único do BE/Açores para a criação de um "mecanismo de compensação financeira aos pescadores" da região pela "potencial quebra nas capturas resultantes da nova Rede de Áreas Marinhas Protegidas".

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A criação da Rede de Áreas Marinhas Protegidas dos Açores (RAMPA), com uma área de 287.000 quilómetros quadrados, abrangendo cerca de 30% do mar do arquipélago, foi aprovada em outubro de 2024 na Assembleia Regional.

Entretanto, já em 13 de setembro, o parlamento açoriano aprovou por maioria uma proposta conjunta de PS,PSD,CDS-PP e PPM que adia para janeiro a entrada em vigor da RAMPA, que deveria avançar no início de outubro.

Esta terça-feira, na comissão parlamentar, Pedro Melo defendeu que o diploma beneficie de instrumentos da União Europeia para fazer face a "custos adicionais" do setor e que seja feita uma "monitorização trimestral" da RAMPA.

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Embora admitindo que a "ciência não consegue fixar um período de compensação" ao setor das pescas, Pedro Melo considerou que não deverá ser "nunca menos de cinco anos" e defendeu precisamente "um estudo a cinco anos para encontrar métricas para definir os apoios".

"O setor tem uma mão cheia de nada, o que é preocupante. Não sabemos para onde devemos ir, que estratégia a delinear. Há consultas [aos parceiros do setor], mas não produziram nada", afirmou o líder ACPA, defendendo uma prorrogação de seis meses para a entrada da RAMPA em vigor.

Pedro Melo considerou ainda que os 10 milhões de euros do Fundo Ambiental para fazer face aos impactos da RAMPA, a par dos 10,4 milhões de dólares oriundos da filantropia, não são suficientes para todo o setor.

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Segundo o responsável, a Blue Azores apontou para um decréscimo de 27 a 30% de atividade no setor com a entrada em vigor da RAMPA, recordando que o valor transacionado em lota por ano é de 35 a 40 milhões de euros.

Também ouvido esta terça-feira na comissão de Economia, Liberato Fernandes, do Sindicato Livre dos Pescadores, Marítimos e Profissionais Afins dos Açores, referiu que, entre 2010 e 2024, houve uma "constante a quebra de rendimentos" da produção do setor, enquanto os custos de exploração das embarcações sofreram um "aumento extremamente elevado" e a inflação acumulou 36% entre 2010 e 2024.

O sindicalista apontou ainda que o valor da produção bruta da pesca foi de cerca de 39,5 milhões de euros em 2010, contra o valor de 39,355 milhões em 2024.

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Para Liberato Fernandes, "existe um problema de base na RAMPA", que é "extremamente nociva para a pesca açoriana".

Liberato Fernandes defendeu também uma compensação pela quebra de rendimentos que "não seja apenas derivadas da RAMPA, mas que resolva de uma vez por todas o problema da instabilidade dos rendimentos da pesca".

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