Covid-19 deixa um em cada cinco infetados com problemas de saúde mental, apura estudo

Investigação assinala que quase 20% dos doentes receberam diagnóstico psiquiátricos nos 90 dias após serem infetados com o novo coronavírus.

10 de novembro de 2020 às 12:48
Saúde mental Foto: Getty Images
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Os doentes que recuperam da Covid-19 têm um maior risco de desenvolverem problemas de saúde mental, especialmente os do foro psiquiátrico, assim como ansiedade e depressão. A conclusão é de um novo estudo da Universidade de Oxford, que se debruça sobre os registos médicos de 69 milhões de pessoas nos EUA, incluindo 62 mil doentes que foram infetados pelo novo coronavírus.

Esta é a maior investigação feita até então sobre os efeitos da Covid-19 na saúde mental e desenvolveu-se entre 20 de janeiro e 1 de agosto, tendo agora sido publicado.

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Os investigadores defendem que, nos três meses seguintes (90 dias) a testarem positivo para a Covid-19, 18% dos doentes receberam um diagnóstico de problemas de saúde mental. A permanência destes diagnósticos foi comparada em doentes com outras maleitas, como a gripe, infeções respiratórias, infeções de pele, fraturas, cálculos biliares ou pedras nos rins.

É verificado que as outras doenças estudadas têm uma permeabilidade inferior a que os doentes desenvolvam problemas psiquiátricos ou psicológicos, quando comparadas com a Covid-19. Por exemplo, enquanto o valor é de 18% no caso da infeção pelo novo coronavírus, no caso da gripe fica pelos 13% a percentagem de doentes que recebe diagnóstico posterior de problemas da saúde mental.

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No período entre 14 e 90 dias após o diagnóstico de Covid-19, 5,8% dos sobreviventes estudados recebeu o primeiro diagnóstico de problema psiquiátrico, comparado com entre 2.5% e 3,4% dos outros grupos de controlo. Isto significa que o risco de doença mental, em adultos, no caso de infeção pelo novo coronavírus, duplica quando comparado com outras doenças.

Os investigadores de Oxford descobriram também que quem sofreu de algum tipo de doença mental no ano passado tem maior risco de ter Covid-19, independente de fatores de risco na saúde como a obesidade ou doenças respiratórias, que estará relacionado com fatores socioeconómicos. A investigação não teve em conta sintomas que se manifestaram nas primeiras semanas de infeção pelo novo coronavírus, como delírios ou perda de memória.

Médicos ouvidos pela CNN dizem que é "difícil julgar a importância destas descobertas" e criticam o facto de o estudo se debruçar apenas sobre os três meses que se seguem ao diagnóstico de Covid-19. "Os problemas persistem quando já não há a proliferação de uma doença infecciosa e potencialmente mortal? Este estudo não tem em conta os dados a longo-termo, e isto deve estar em primeiro lugar na nossa cabeça quando interpretamos estes dados. Não é previsto o desenvolvimento de problemas de saúde mental um ano após a recuperação da Covid-19 ou o stress e problemas associados a outros sintomas da Covid-19 persistentes, explica Joe Daniels, professor de Psicologia Clínica na Universidade de Barth, em Londres.

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