Contentores no Hospital de S. João provocam demissões
Doentes sem privacidade convivem com baratas, moscas e ratos.
Rui Vaz, diretor do Serviço de Neurocirurgia do Hospital de São João, no Porto, demitiu-se. A equipa de enfermagem do serviço apresentou disponibilidade de mobilidade para outros serviços. Em causa está a falta de condições de trabalho e assistência aos doentes. Este serviço funciona em contentores há dez anos.
Numa carta a que o CM teve acesso, com data de 15 de novembro, a equipa de enfermagem escreve ao presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, António Oliveira e Silva, a dar conta dos motivos que a leva a pedir a mobilidade.
Os enfermeiros revelam que o serviço está há dez anos em "instalações indignas para o tratamento de doentes". E que os contentores "estão degradados". Acresce que as enfermarias não permitem qualquer privacidade aos doentes, a climatização não é a adequada e o isolamento acústico não existe.
Na missiva é feita uma descrição das casas de banho, que "se assemelham a qualquer coisa que faz lembrar a Segunda Guerra Mundial". O piso flutuante tem "fendas e buracos" e tem sido "causa de lesões nos funcionários".
A degradação é descrita ao longo da carta que sublinha ainda o facto de a falta de isolamento geral proporcionar, além da entrada de frio, "a circulação de formigas, aranhas, baratas, moscas e ratos".
214 mil euros para alugueres em 2017
Os três contratos foram assinados no mesmo dia, 11 de julho deste ano. O primeiro é no valor de 15 930 euros, e os restantes são de 130 885 euros e de 67 490 euros. Ao todo foram alugados 37 módulos de contentores pré-fabricados.
Administração manteve silêncio
Administração manteve silêncio O CM enviou perguntas ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, mas até à hora de fecho desta edição não foi possível obter qualquer reação ao facto de o serviço de Neurocirurgia funcionar em contentores que apresentam um elevado estado de degradação.
SAIBA MAIS
1943
Ano em que o Hospital de São João foi criado, pelo decreto- -lei nº 22 917, de 31 de julho, com a designação de Hospital Escolar do Porto, ligado à Faculdade de Medicina. O projeto sofreu um atraso considerável, por causa da II Guerra Mundial, pelo que a sua inauguração ocorreu a 24 de junho de 1959.
Áreas de referência
O Hospital de São João tem como áreas de referência os distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo. É o maior hospital da região Norte.
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