Depressão pós-parto afeta 13%
Mulheres portuguesas sofrem da doença no primeiro trimestre a seguir ao nascimento do filho. Falta de apoio propicia casos.
O nascimento de um filho nem sempre é o dia mais feliz para uma mãe, ainda que seja o mais memorável. À ansiedade perante a chegada de uma criança soma-se o confronto, por vezes doloroso, com uma realidade desconhecida e exigente. Treze por cento das mulheres sofrem de depressão no primeiro trimestre após o parto.
"A maioria dos estudos apontam para uma maior prevalência nas mulheres mais jovens, que não tenham planeado a gravidez ou que tenham pouco apoio da família. A gravidez vivida com muitas fragilidades pode condicionar esta situação", explica Ana Peixinho, coordenadora da unidade de Psiquiatria e Psicologia do Hospital Lusíadas Lisboa.
No entanto, "as mulheres que são mães a partir dos 40 anos, que passaram por várias tentativas para engravidar e que estão habituadas a controlar tudo também são um grupo de risco para o desenvolvimento da depressão pós-parto", acrescenta a especialista.
Em todas elas, pode haver uma dupla culpabilização: a de sofrer perante a incapacidade de ser feliz com o nascimento do seu rebento e a impossibilidade de conseguir cuidar dele e de preencher as medidas do papel de mãe, quer seja a dar-lhe banho ou simplesmente a embalá-
-lo durante o sono.
"A incidência da depressão pós-parto tem sido mais ou menos linear ao longo dos anos. Cada vez mais se começa a estar atento à depressão na gravidez. Ao prevenirmos esta patologia na gravidez, vamos controlar e prevenir a depressão pós-parto. Ainda assim, escapam-nos muitos casos. É um assunto que não é suficientemente abordado, até porque a mãe também se sente um pouco culpada, diminuída perante o que sente", considera Ana Peixinho. Quanto aos pensamentos mais negros, esses tendem a pairar no horizonte, como uma séria ameaça. Contra eles, é preciso estar alerta e pedir ajuda.
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