Disparam casos de hepatite A e B em Portugal

Surto de hepatite A associada a transmissão sexual entre homens. Na hepatite B, casos sobem devido a "movimentos migratórios".

24 de julho de 2025 às 01:30
Portugal regista aumento nos casos de hepatite
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Em 2024 dispararam os casos de hepatite A e B em Portugal. No caso da hepatite A, foram notificados 319 casos (mais 279 que em 2023), devido ao surto de 2023-2025.

Segundo o Relatório do Programa Nacional para as Hepatites Virais, da Direção-Geral da Saúde, divulgado quarta-feira, a maioria dos casos de hepatite A entre 2024 e 2025 "ocorreu em indivíduos do sexo masculino", tendo sido verificados dois surtos em simultâneo.

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O primeiro, "associado à transmissão por contacto sexual", com maior incidência em Lisboa e Vale do Tejo e Área Metropolitana do Porto. "Afeta predominantemente indivíduos do sexo masculino, com idades entre os 18 e os 44 anos". Segundo o relatório, "a genotipagem identificou uma estirpe geneticamente semelhante à que circulou no surto europeu de 2016-2018, sugerindo uma possível circulação silenciosa do vírus desde esse período".

O segundo surto foi identificado no Algarve, Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo, "com transmissão associada a condições deficitárias de salubridade, afetando sobretudo a população infantil".

No caso da hepatite B, foram notificados 271 casos, mais 91 que em 2023. Números superiores aos anteriores à pandemia de Covid-19.

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"Apesar de se poderem relacionar com o potencial aumento de consciencialização para a importância do rastreio de hepatites, e com uma maior literacia sobre esta infeção, também pode estar relacionado com o aumento do número de casos de hepatite B a nível europeu e com movimentos migratórios de pessoas oriundas de países com maior endemicidade da doença e menores taxas de coberturas vacinais", é referido.

Também houve 572 casos de hepatite C e 26 de hepatite E.

Em 2024 foram alvo de transplante de fígado 6 doentes com hepatite B e 18 com hepatite C. Nos internamentos hospitalares, no ano passado registaram-se 9327 devido a doença hepática alcoólica, 7577 por cirrose hepática e 1822 por carcinoma hepatocelular.

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No que respeita à mortalidade, os dados são de 2023: 1362 morreram por neoplasias malignas do fígado e das vias biliares intra-hepáticas, 961 por doenças crónicas do fígado e cirrose, 373 por neoplasia maligna da vesícula biliar e 57 por hepatites virais. A doença hepática alcoólica provocou 571 óbitos. Desde 2015 foram autorizados 36363 tratamentos da hepatite C, dos quais 2216 no ano passado. Dos 22334 concluídos, 21597 estão curados.

Alerta para mais casos de cancro

O diretor do PNHV, Rui Tato Marinho, alertou que "a população e os políticos têm de estar preparados" para o aumento, em 10 a 15 anos, dos cancros do aparelho digestivo, nomeadamente o cancro do pâncreas, do fígado e das vias biliares. "Temos previsões nacionais e internacionais, vão aumentar independentemente do que possamos fazer", explicou. O cancro do pâncreas é dos mais mortais "e vai ultrapassar o cancro da mama", alertou.

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